Startups vivem ‘fintechzação’ dos serviços

Um número crescente de startups, dos mais diversos segmentos, tem ampliado a oferta de serviços financeiros, para facilitar a vida de seus clientes e abrir uma nova frente de faturamento, que não fazia parte do escopo inicial de seus negócios. O caso mais recente foi o do iFood. No começo do mês, lançou uma conta digital para donos de restaurantes.

A tendência foi batizada de “fintechzação” por Rafael Assunção, sócio-fundador da Questum e mentor do programa de capacitação de startups do Sebrae de Santa Catarina.

Fintechs são startups voltadas ao uso de tecnologia para solucionar questões financeiras. A incorporação dos serviços financeiros a negócios de outras áreas chamou a atenção dele.

“Ao aumentarem seu escopo, as startups criam uma proximidade com o cliente muito grande. O consumidor tem mais valor, a empresa monetiza em cima do serviço, todo mundo ganha”, diz ele ao explicar a vantagem do processo.

Esse novo movimento ocorre tanto em jovens startups quanto nas mais consolidadas. Além do iFood, a 99 lançou em julho o 99Pay, carteira digital que permite colocar crédito diretamente ao motorista e fazer recargas de celulares no valor de até R$ 100. Motoristas recebem um bônus de 5% para cada transação e também podem devolver troco, que são convertidos em crédito no aplicativo.

A opção, lançada em agosto, está disponível em nove cidades. Segundo a empresa, pagamentos com dinheiro vivo diminuíram 10% nesses lugares. Atualmente, cerca de 70% das viagens da 99 são pagas em espécie.

“O 99Pay possibilita trazer eficiência no ambiente de pagamento, ao reduzirmos o número de players na cadeia”, explica Maurício Filho, diretor do braço financeiro.

Segundo ele, cresceu o número de clientes do serviço que são da classe C e D —boa parte deles não tem conta bancária. “Democratizamos assim o serviço de pagamento digital para pessoas que mais precisam de soluções baratas.”

No geral, os serviços financeiros das startups são ofertados a partir de parcerias, o que contorna as obrigações regulatórias do sistema financeiro.

“O mercado financeiro é complexo, e é bom que seja assim. Mas você não precisa enfrentar esses impedimentos e poderão se valer de outras empresas que são habilitadas para esses serviços”, diz Rafael Assunção, do Sebrae.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/startups-vivem-fintechzacao-dos-servicos.shtml

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