O destaque de lançamento do Semafor, da dupla The Smiths (o jornalista Ben, ex-New York Times e BuzzFeed, e o executivo Justin, ex-Bloomberg), retrata o que chama de crise de identidade do NYT.
No trecho que mais ecoa, recorre ao ex-editor de opinião James Bennett, demitido há dois anos por publicar o artigo de um senador republicano, em meio à disputa pelo comando da Redação:
“O NYT e seu publisher, diz Bennet, querem ser as duas coisas. Sulzberger é ‘velha guarda’ em sua defesa de uma publicação neutra, mas ‘eles querem ter os aplausos da esquerda, e agora ainda há o problema de terem conseguido tantos assinantes cuja expectativa é que o NYT seja a Mother Jones em esteroides’.”
Mother Jones é uma revista identificada tradicionalmente com o Partido Democrata e suas bandeiras. O Semafor promete, desde que foi anunciado, ser mais “imparcial”.
O ativismo, no caso, é para transformar o jornal num “pacote” (bundle), uma “empresa de tecnologia” que já passou a agregar, através de aquisição, serviços como Wordle e The Athletic.
O propósito seria oferecer aos acionistas uma margem operacional superior aos 9% atuais, mais próxima dos 35% desejados por Wall Street. Um objetivo que bate de frente com a pressão dos empregados por “parcela maior desses lucros”.
“Muitos funcionários acreditam que os conflitos culturais [dos últimos anos] foram substituídos pela luta trabalhista”, escreve Smith, “e que os maiores desafios para a gestão serão as demandas de jornalistas e trabalhadores de tecnologia por fatia maior dos lucros”.