Salesforce desafia Microsoft com aquisição de US$ 27,7 bi

A aquisição da Slack Technologies por US$ 27,7 bilhões pela Salesforce representa o esforço mais agressivo de seu presidente e cofundador Marc Benioff para desafiar o domínio da Microsoft. A transação, que envolve dinheiro e ações, foi anunciada na terça-feira à noite e deve ser fechada até julho. Com o negócio, a Salesforce acrescenta a seu portfólio um aplicativo de comunicação em ambiente de trabalho que se tornou mais popular durante a pandemia. O produto concorre com o Teams, da Microsoft. 

A compra do Slack, que tem menos de US$ 1 bilhão de receita anual, busca atingir o objetivo de longa data de Benioff de tornar o software da Salesforce relevante para uma ampla gama de funcionários de empresas, além dos profissionais de marketing e representantes de contas que se conectam aos seus programas todos os dias. 

O que está em jogo é a chance da Salesforce subir até o topo da indústria de software. Benioff tem o que chama de “sonho de US$ 50 bilhões” como receita anual da Salesforce, o que ultrapassaria todas as empresas que desenvolvem aplicativos corporativos, com exceção da Microsoft. O empresário conduziu mais de 60 aquisições desde que sua empresa começou, em 1999. 

Agora, ele avança na consolidação da Salesforce como a principal rival da Microsoft na área de aplicativos empresariais. “Este é um momento do qual vamos lembrar daqui a algumas décadas”, disse o CEO do Slack, Stewart Butterfield, durante teleconferência anual da Salesforce, realizada ontem. 

Ele comparou a transação à estreia do Windows 95 da Microsoft e ao surgimento da computação em nuvem. “Este é um momento crucial e a oportunidade de realmente transformar a maneira como trabalhamos, para que não dependamos de um ambiente de trabalho físico, para que possamos ter um quartel-general digital”, disse Butterfield. 

Os investidores da Salesforce, no entanto, mostraram-se céticos quanto à compra e as ações da empresa caíram 8,9%, para US$ 220,78, ontem em Nova York. Analistas questionaram o alto preço e a necessidade da aquisição, que ocorre em meio à desaceleração do crescimento da receita. As ações tinham subido 48% este ano até o fechamento de terça-feira. 

A transação, que é a mais cara da Salesforce e uma das maiores aquisições do ano, não é algo que Benioff planejava fazer durante a pandemia. Mas ele disse que a compra pode reconfigurar o setor de software e transmitir uma imagem corajosa de que a Salesforce encontrou seu momento. 

“Nós vamos ajudá-los a simplesmente redefinir todo o setor”, disse Benioff sobre o Slack durante uma teleconferência com analistas. “Quando o momento e a oportunidade surgem, você tem que olhar e se perguntar: ‘Você é forte? Você pode fazer algo assim? Ou você é fraco? Ou é um momento em que você simplesmente não tem essa coragem?’ E vamos falar sério. Vejam esses números que acabamos de mostrar. A Salesforce nunca foi tão forte, nunca foi tão capaz, nunca esteve em uma posição mais competitiva.” 

O Teams da Microsoft, que hospeda videoconferências, oferece uma sala de bate- papo no ambiente de trabalho e fornece ferramentas de automação, é um grande concorrente do Slack. A Salesforce vai herdar essa rivalidade, que se tornou amarga e levou o Slack a fazer uma reclamação contra a Microsoft nas agências reguladoras. 

A própria Salesforce tem tido um relacionamento turbulento com a Microsoft nos últimos anos. Benioff foi um dos primeiros rivais com quem Satya Nadella forjou laços estreitos quando assumiu como CEO da Microsoft, em 2014, mas o relacionamento entre os executivos se rompeu em 2016, quando a Microsoft adquiriu o LinkedIn. Nadella foi mais rápido que Benioff na aquisição do ativo. O antagonismo diminuiu um pouco em 2019, quando a Salesforce e a Microsoft fecharam uma parceria de computação em nuvem. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/12/03/salesforce-desafia-microsoft-com-aquisicao-de-us-277-bi.ghtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação