Robô-enfermeira é testada no Canadá e na Coreia do Sul

Grace, a robô-enfermeira que usa inteligência artificial para monitorar pacientes com idade avançada, interagir e fazer companhia a eles, deve ter o primeiro pedido de regulamentação apresentado à Food and Drig Administration (FDA), nos Estados Unidos, entre o fim do ano e o início de 2024, disse ao Valor Ben Goertzel, fundador e diretor-presidente da SingularityNET, criadora da robô que está sendo testada em hospitais do Canadá e da Coreia do Sul.

“Estamos fazendo pesquisas sobre como a companhia pode elevar a qualidade de saúde de pessoas com idade avançada, que vivem sozinhas. É uma ótima notícia para seguradoras de saúde”, disse Goertzel em entrevista ao Valor, após ter feito uma demonstração da Grace durante o Web Summit Rio, nesta quinta-feira, último dia do evento sobre inovação. 

A robô-enfermeira conta com algumas funcionalidades de inteligência artificial (IA) generativa da OpenAI, criadora do ChatGPT, que facilitou algumas programações sobre seu perfil. Mas a base fundamental é a inteligência artificial geral (AGI). 

IA geral é capaz de aprender, se comportar e executar ações nos moldes dos seres humanos. “É muito legal o quão mais esperta a Grace é hoje do que há dois anos”, disse Goertzel na apresentação do projeto. A IA generativa também aprende, mais vai além, criando textos e imagens. 

“Quando introduzi o termo AGI, em 2015, era algo obscuro”, comentou Gortzel na apresentação. “Podemos estar há cinco ou seis anos de alcançar uma inteligência artificial mais ‘humana’ ” “, projetou. 

Grace já está em testes em hospitais do Canadá e da Coreia do Sul, onde Gortzel afirma que há uma aceitação maior aos robôs. “Os sul- coreanos são uma população bastante digitalizada”, nota o cientista, que também pretende estar, em breve, a robô-enfermeira em Hong Kong. 

O cientista ressalta que o objetivo da Grace não é substituir o contato humano com pacientes, mas diminuir as funções burocráticas dos profissionais humano em tarefas como preenchimentos de prontuários médicos. 

“O maior propósito não é substituir o contato humano, que sempre será importante, mas hoje vemos muitos profissionais da saúde preenchendo mais dados sobre os pacientes nos notebooks do que em contato humano com eles”, ponderou o fundador da SingularityNET, uma espécie de marketplace (shopping center) de inteligência artificial, baseado em tecnologia blockchain. 

“Estamos construindo nosso ecossistema sobre uma série de produtos de IA como a Zarqa, que trabalha novos modelos de linguagem para o algoritmo do ChatGPT, a Jam Galaxy, para descentralizar músicas criadas com IA, e a Awakening Health, que desenvolveu o software para a Grace”, detalhou Gortzel. 

Nesta semana, Gortzel também apresentou Desdemona, uma robô rockstar durante o Web Summit Rio. A robô humanoide, apresentada pela primeira vez em 2021, interage e canta músicas feitas tanto por inteligência artificial como por humanos pela plataforma Jam Galaxy. “A vantagem da Desdemona é que ela pode delirar”, brincou Gortzel se referindo aos “delírios”, ou confusões e erros, criados pelo ChatGPT e que a OpenAI promete mitigar. 

O cientista diz que Grace, desenvolvida desde 2019, e Desdemona são “irmãs mais novas” da humanoide Sophia, criada em 2015 pelo especialista em robótica americano Dadid Hensona, presidente e fundador da empresa Ranson Robotics. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/05/05/robo-enfermeira-e-testada-no-canada-e-na-coreia-do-sul.ghtml

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