A Microsoft está trabalhando com a startup de mídia Semafor para usar seu chatbot de inteligência artificial (IA) para ajudar a desenvolver um novo serviço de notícias – parte de um esforço que acontece no momento em que a gigante de tecnologia enfrenta um processo multibilionário do “The New York Times”.
Como parte do acordo, a Microsoft está pagando uma soma não revelada em dinheiro à Semafor para patrocinar um “feed” de notícias chamado “Signals”. As companhias não informaram os detalhes financeiros, mas a quantia em dinheiro é “substancial” para os negócios da Semafor, segundo disse fonte a par do assunto.
O Signals oferecerá notícias e análises de grandes histórias, com cerca de uma dezena de postagens por dia. O objetivo é ter diferentes pontos de vista de todas as partes do mundo – foco principal da Semafor desde o seu lançamento em 2022.
Ben Smith, um dos fundadores da Semafor, enfatizou que o Signals será feito totalmente por jornalistas, com a IA fornecendo uma ferramenta de pesquisa para reforçar as postagens.
Nesta segunda-feira, a Microsoft também anunciou colaborações com organizações jornalísticas como a Craig Newmark School of Journalism, a Online News Association e o GroundTruth Project.
As parcerias surgem no momento em que os grupos de mídia se preocupam cada vez mais com a IA generativa e seu potencial de ameaçar seus negócios. As editoras jornalísticas estão lutando para descobrir como usar a IA para melhorar seu trabalho e permanecer à frente da tecnologia, ao mesmo tempo em que temem perder tráfego, e desse modo receitas, para os chatbots de IA – que podem produzir em segundos textos e informações semelhantes aos dos humanos.
Em dezembro, o jornal “The New York Times” entrou com um processo contra a Microsoft e a OpenAI, alegando que as empresas de tecnologia “pegaram uma carona” em milhões de seus artigos para construir seus chatbots de IA. Com a ação, o jornal busca bilhões de dólares em reparações por perdas e danos.
Gina Chua, editora-executiva da Semafor, esteve envolvida no desenvolvimento das ferramentas de pesquisa de IA da Semafor, que são alimentadas pelo ChatGPT e pelo Bing da Microsoft.
“O jornalismo sempre usou a tecnologia, seja ela pombos-correio, o telégrafo ou qualquer outra coisa… Isso representa uma oportunidade real, um conjunto de ferramentas que são realmente um salto quântico acima de muitas outras ferramentas que surgiram”, disse Chua.
Em casos de notícias de última hora, os jornalistas da Semafor usarão ferramentas de IA para pesquisar rapidamente reportagens e comentários de outras fontes de notícias de todas as partes do mundo em vários idiomas. Uma postagem no Signals poderá incluir perspectivas da mídia chinesa, indiana ou russa, por exemplo, com os repórteres da Semafor resumindo e contextualizando os diferentes pontos de vista, citando ao mesmo tempo suas fontes.
Noreen Gillespie, uma ex-jornalista da “Associated Press”, ingressou na Microsoft há três meses para estabelecer relações com as editoras jornalísticas. “Os jornalistas precisam adotar essas ferramentas para poderem sobreviver e prosperar por mais uma geração”, disse ela.
A Semafor foi fundada por Ben Smith, ex-editor do BuzzFeed, e Justin Smith, ex-presidente-executivo da “Bloomberg Media”.
A Semafor, de acesso gratuito, é financiada por indivíduos ricos como o fundador da 3G, Jorge Paulo Lemann, e Henry Kravis, cofundador da KKR. A companhia obteve receita de mais de US$ 10 milhões em 2023 e tem mais de 500 mil assinaturas de suas newsletters gratuitas. Justin Smith disse que a Semafor esteve “muito perto de lucrar” no quarto trimestre de 2023.
“O que estamos tentando perseguir é esse espaço realmente estranho de notícias de última hora na internet, em que você tem esses esforços fragmentados e apressados para divulgar a primeira sentença de um artigo para os mecanismos de busca… e nunca fazer nenhum esforço para fornecer o contexto”, disse Ben Smith.