Receita de gigantes da tecnologia tem forte crescimento

A covid-19 levantou dúvidas sobre como seria o desempenho das cinco maiores empresas de tecnologia do mundo no primeiro trimestre deste ano. Mas Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google (e sua controladora, a Alphabet) mostraram resultados fortes. A questão agora é como essas empresas vão se comportar a partir do segundo trimestre, com os impactos da pandemia tendo mais peso nos negócios. 

Juntas, as cinco empresas, conhecidas pela sigla Faang, somaram US$ 198,4 bilhões em receita, um crescimento de 14,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, puxado por Netflix e Amazon. O ritmo foi mais acelerado que o apresentado na comparação entre os primeiros três meses de 2019 e de 2018, quando o grupo avançou 9,2%, com receita combinada de US$ 173,7 bilhões. Receita de empresas que integram o índice S&P 500, da bolsa de Nova York, cresceu 0,7%, em média, no primeiro trimestre deste ano, segundo a Factsect. 

Em meio aos primeiros efeitos da pandemia, o grupo de empresas de tecnologia melhorou sua posição de caixa, chegando a reservas de US$ 326 bilhões, alta de 17%. Um ano antes, o crescimento registrado tinha sido quase três vezes menor que isso, de 6,4%, para US$ 279,2 bilhões. 

Os recursos adicionais serão importantes para enfrentar os próximos trimestres. Segundo o presidente da Alphabet, Sundar Pichai, o desempenho em março foi muito pior que o registrado em janeiro e fevereiro. De acordo com a diretora financeira da companhia, Ruth Porat, “o pior ainda está por vir”. O banco de investimento Cowen & Co. estima que Google e Facebook podem perder US$ 44 bilhões em receita publicitária em 2020, sendo US$ 28,3 bilhões a menos para o Google. 

A Apple não deu indicação do que analistas devem esperar para os próximos trimestres, enquanto o fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezos, avisou que a companhia pode apresentar prejuízo operacional no segundo trimestre porque não vai reduzir o ritmo de investimento. Mesmo a Netflix pode ter meses de menor crescimento já que o impulso do isolamento social tende a perder força. 

No primeiro trimestre, Facebook e Google desaceleraram, mas bem menos do que o previsto. Dono do Instagram e do WhatsApp, o Facebook viu a receita crescer 17,6%, quase 10 pontos percentuais a menos que um ano antes. A companhia teve aumento no uso de seus produtos (11%), que levou a uma maior exibição de publicidade (39% no Facebook), mas registrou queda de 16% no valor dos anúncios. 

O Google, que já vinha dando sinais de desaceleração em seu crescimento por conta da escala que ganhou nos últimos anos, mostrou ainda aumento robusto de 13,3% na receita. 

A venda de serviços para empresas por meio do Google Cloud avançou 52%, para US$ 2,78 bilhões e o YouTube gerou 33% mais receita (US$ 4,04 bilhões). Os outros negócios da Alphabet, a holding que controla o Google, encolheram 21%, para US$ 135 milhões em vendas. 

A receita da Netflix aumentou 27,6%. Com mais gente em casa, a companhia viu sua base de assinantes saltar em 15,8 milhões, para 182,8 milhões, superando em muito suas próprias projeções (sete milhões) e as dos analistas (oito milhões). A companhia mais que dobrou seu lucro, chegando a US$ 700 milhões. 

A Amazon, que se beneficiou da maior demanda por compras on-line e viu sua receita subir 26,4%, para US$ 59,7 bilhões, também viu seu lucro encolher cerca de US$ 1 bilhão entre janeiro e março. A retração foi resultado de investimentos feitos no serviço que permite fazer entregas no mesmo dia em que a venda é feita e na estrutura para responder à demanda adicional gerada pela pandemia. 

A Apple conseguiu aumentar um pouco suas vendas (0,5%) com serviços digitais, compensando a queda nas vendas de seus celulares, os iPhones. O lucro, que chegou a encolher 16,4% entre os primeiros trimestres de 2018 e de 2019, recuou 2,7% com menos despesas operacionais. 

Na última linha do balanço, as gigantes somaram lucro de US$ 26,2 bilhões, uma melhora de 6,8%. A base da comparação fica distorcida porque no primeiro trimestre do ano passado os lucros do Google e do Facebook foram afetados por multas impostas pela União Europeia e pelo FTC, o órgão que regula o comércio nos EUA, respectivamente. Na média, as empresas do S&P 500 apresentaram retração de 13,7% no lucro líquido no primeiro trimestre, segundo a Fact Sect. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/05/05/receita-de-gigantes-da-tecnologia-tem-forte-crescimento.ghtml

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