Principal aceleradora do mundo alerta startups para cenário complicado

Diante da incerteza do mercado financeiro em 2022, as startups já começam a sentir o impacto da desaceleração de investimentos por parte dos fundos — o cenário de aumento de juros e a crise que se segue após a pandemia tem desestabilizado as contas de empresas do mundo inteiro. Para a Y Combinator, aceleradora do Vale do Silício, o momento é de se preparar para o pior cenário possível. 

De acordo com uma carta enviada a seus empreendedores, a Y Combinator aconselhou que as startups de seu portfólio reavaliassem suas finanças e que ficassem prontos para cortar gastos. A medida, de acordo com a aceleradora, é uma forma de prever até 24 meses sem investimentos. 

“Durante esta semana, um grande número de empresas entrou em contato para perguntar se deveriam mudar seus planos em torno de gastos com base no estado atual dos mercados públicos. O que dissemos a eles é que as crises econômicas geralmente se tornam grandes oportunidades para os fundadores que mudam rapidamente sua mentalidade, planejam com antecedência e garantem que sua empresa sobreviva”, afirmou a Y Combinator na carta.

A dor do mercado de inovação pode estar se tornando pública por poucos fundos que, discretamente, aconselham seus membros. Os primeiros resultados, porém, da crise estabelecida já podem ser vistos, inclusive no Brasil. Nesta semana, a Olist, empresa especializada em comércio eletrônico, demitiu mais de 100 funcionários em busca de reestruturação de equipes. A startup unicórnio afirmou ao Estadão que o número de demitidos é menor que o que circula nas redes sociais, mas confirmou o movimento.

Nos últimos meses, outros unicórnios como QuintoAndar, Loft, Facily, além de grandes empresas como Zak e Liv Up já cortaram parte do quadro de funcionários. 

Para a Y Combinator, essa é uma das coisas que as startups serão obrigadas a olhar daqui em diante. Na carta, a aceleradora ainda fala sobre procurar um nível de sobrevivência (chamado default alive), onde a empresa consegue se manter por mais de 12 meses apenas com o capital que já possui. 

Outra recomendação é que as startups aceitem rodadas de investimento potencialmente menores, enquanto elas ainda estão ativas, e que, nos próximos 30 dias, as empresas avaliem por quanto tempo podem sobreviver sem quebrar (chamado runway). 

“O movimento seguro é planejar para o pior. Se a situação atual for tão ruim quanto as duas últimas crises econômicas, a melhor maneira de se preparar é cortar custos e estender seu runaway nos próximos 30 dias”, afirma o comunicado. 

Em tom de pessimismo, a carta termina com um conselho da aceleradora para que os empresários levem a sério o cenário de crise, mesmo que suas empresas pareçam sólidas durante o período. O aviso emitido pela Y Combinator chegou aos empreendedores na última semana.

“Se, por algum motivo, você achar que esta mensagem não se aplica à sua empresa, ou você vai precisar que alguém lhe diga isso pessoalmente para acreditar, por favor, reavalie suas crenças mensalmente para ter certeza de que não irá levar sua empresa para a beira de um penhasco”, encerra a carta.

https://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,principal-aceleradora-do-mundo-alerta-startups-para-pior-cenario-possivel,70004074881

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