Brasileiro dedica mais tempo a canais de TV

Mesmo com o aumento da oferta de streaming de vídeos, a TV linear, que compreende canais abertos e pagos, é responsável por 79% do tempo de consumo de vídeo nos lares brasileiros, aponta um novo estudo da Kantar Ibope Media. Os 21% restantes do tempo em frente à TV são voltados ao consumo de vídeos on-line, sendo 15% em plataformas gratuitas, que exibem publicidade, e 6% em serviços de streaming de vídeos por assinatura.

A pesquisa “Inside Video 2022”, realizada entre 1º de janeiro e 31 de março, mostra que embora a tela do smartphone esteja sempre à mão, a TV tem a preferência do brasileiro na hora de consumir vídeos em casa. A tela grande representa 92% do consumo residencial de vídeos, enquanto o smartphone fica com 6% desse consumo, seguido pelo computador (1,3%) e pelo tablet (o,2%)

“O vídeo on-line criou um espaço grande na vida das pessoas, seja no smartphone ou na TV conectada, mas a qualidade de conteúdo de TV linear no Brasil é muito forte, sendo uma referência no exterior”, afirma Adriana Favaro, diretora de desenvolvimento de negócios da Kantar Ibope Media. 

O levantamento engloba tanto a mensuração de audiência da programação de TV linear, por meio do aparelho People Meter (DIB 6) instalado em mais de 6.060 domicílios de 15 regiões metropolitanas do país, como a medição de consumo de vídeos on-line por meio de outro dispositivo, o Focal Meter, instalado em roteadores de cerca de 3.000 lares conectados à internet. 

O uso das TVs conectadas nos lares brasileiros mais do que dobrou em cinco anos – de 27%, em 2017, para 57%, em 2021 – o que também colabora com o consumo de vídeos on-line em uma tela maior. “Com o avanço da tecnologia, a TV passou a ser um ponto central de consumo de vídeos em casa”, nota Favaro. 

Em ano de Copa do Mundo de futebol, a tendência é de aumento da base de televisores conectados. “Em 2018, 92% das pessoas foram impactadas pela Copa”, afirma Favaro, referindo-se ao percentual de pessoas que assistiu a alguma parte do evento. “É um período muito favorável para a troca de aparelhos de TV”. 

Em 2021, 205,9 milhões de brasileiros, ou 93% da população, assistiram a emissoras de TV linear, com um tempo médio de consumo diário de 5 horas e 37 minutos por pessoa. Comparado a outros países da América Latina, o Brasil tem o quarto maior tempo médio de consumo de TV linear, abaixo da Argentina (6h16), do Panamá (5h54) e do Chile (5h53). 

Na divisão por renda familiar, 49% dos consumidores de TV linear se encaixam na classe C, 30% nas classes A e B e 21% nas classes D e E. Já o perfil de consumidor de vídeo on-line tem maior predominância nas classes C (48%) e AB (40%). O telespectador com idade a partir de 60 anos é o que mais consome a TV linear (33%), seguido pelas faixas etárias de 35 a 49 anos (24%), 50 a 59 anos (18%) e 25 a 34 anos (10%). 

A audiência de vídeos on-line é mais distribuída, com 26% dos consumidores na faixa de 35 a 49 anos, 18% com idade entre 25 e 34 anos (18%) e 14% no público infantil, de 4 a 11 anos. 

Quando se trata de programação de TV linear, 72% dos brasileiros ligam a TV para relaxar e 59% buscam a programação para se manter bem informados, revela o estudo. Do tempo dedicado pelo brasileiro à programação de TV, 25% são direcionados ao jornalismo, 18% a novelas e 11% a programas de futebol e esportes. 

Os “reality shows” consomem, em média, 4% do tempo dedicado pelo brasileiro à TV, no entanto, o reflexo destes conteúdos nas redes sociais elevou em 20% as ações patrocinadas por marcas (“branded content”) nestes programas, entre 2019 e 2021, segundo o levantamento. “Os reality shows permitem uma criatividade ampla para que as marcas se posicionem, discutindo causas e temas que reverberam nas redes sociais”, avalia a executiva da Kantar Ibope Media. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/05/20/brasileiro-dedica-mais-tempo-a-canais-de-tv.ghtml

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