A fabricante americana de chips Nvidia anunciou ontem que construirá o mais poderoso supercomputador do Reino Unido em Cambridge, em apoio a uma pesquisa de inteligência artificial para a descoberta de medicamentos e outros usos no setor de saúde.
A Nvidia informou que pretende construir a máquina, que se chamará Cambridge-1, até o fim do ano e vai investir cerca de 40 milhões de libras (US$ 51,9 milhões) para instalar e rodar o supercomputador.
“O Cambridge-1servirá como centro de inovação para o Reino Unido e facilitará o trabalho inovador que está sendo feito por pesquisadores do país na descoberta de medicamentos e soluções importantes de saúde”, disse Jensen Huang, cofundador e presidente-executivo da Nvidia.
Entre os primeiros parceiros da máquina estarão os grupos farmacêuticos GlaxoSmithKline e AstraZeneca, a companhia de análises genéticas Oxford Nanopore e pesquisadores da Guy’s and St Thomas’ NHS Foundation Trust e do King’s College London.
A iniciativa surge enquanto a Nvidia aguarda a aprovação da compra, por US$ 40 bilhões, da fabricante britânica Arm Holdings, que pertencia ao grupo japonês SoftBank. A transação firmada no mês passado será a maior já realizada na indústria de semicondutores.
Os supercomputadores podem usar algoritmos de aprendizado de máquina para analisar rapidamente milhões de moléculas, antes de decidir quais poderão ser mais úteis em testes clínicos, acelerando o processo de descobrimento de medicamentos, que geralmente é caro e exige muito tempo. Em janeiro, a primeira molécula de medicamento inventada totalmente por um algoritmo de inteligência artificial entrou em testes clínicos, num processo que durou apenas 12 meses – normalmente seriam necessários de quatro a quatro anos e meio.
Além do Cambridge-1, a Nvidia também anunciou uma série de ferramentas de inteligência artificial criadas especificamente para ajudar na descoberta de medicamentos, chamadas de Nvidia Clara Discovery. A companhia informou que a Clara Discovery poderá ajudar pesquisadores a analisar dados em escala maciça, incluindo informações sobre tratamentos existentes e literatura de pesquisa.
“Acelerar o descobrimento de medicamentos nunca foi tão importante. Investimentos como esse que podem fazer uma diferença real em nossa luta contra incontáveis doenças”, disse Matt Hancock, secretário de Saúde do Reino Unido.
A inteligência artificial também é usada em outras áreas na saúde, como ajudar a detectar mais cedo doenças como o câncer de mama e hospitais a preverem a demanda futura por leitos de UTI e ventiladores na pandemia de covid-19.
A Nvidia disse que o Cambridge-1 ficará em 29o lugar da lista dos 500 computadores mais poderosos do mundo, três postos acima da máquina britânica mais bem classificada no ranking no momento. O Reino Unido tem 10 supercomputadores na lista dos 500 maiores, colocando o país em quinto lugar na Europa, atrás da França, Alemanha, Holanda e Irlanda. A própria Nvidia criou o sétimo computador mais poderoso do mundo, o Selene.
A Nvidia disse que o Cambridge-1 se tornará parte de um centro de inteligência artificial em Cambridge, junto com outro supercomputador britânico anunciado no mês passado, que será construído em parceria com a Arm.