Nobel de Medicina 2021 vai para cientistas que estudam receptores para temperatura e tato

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2021 foi concedido conjuntamente a David Julius Ardem Patapoutian “por suas descobertas de receptores para temperatura e tato”, anunciou Thomas Perlmann, secretário do Comitê Nobel, na manhã desta segunda-feira, 4. Os vencedores descobriram como os impulsos nervosos são iniciados para que a temperatura e a pressão possam ser percebidas. 

Ardem Patapoutian nasceu em 1967 em Beirute, Líbano. Em sua juventude, mudou-se de uma Beirute devastada pela guerra para Los Angeles, nos Estados Unidos. Em 1996, concluiu o doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. O pós-doutorado foi obtido na Universidade da Califórnia, San Francisco. Desde 2000, ele é um cientista na Scripps Research, La Jolla, Califórnia, onde agora é professor. Patapoutian é também pesquisador do Howard Hughes Medical Institute desde 2014.

David Julius nasceu em 1955 em Nova York, Estados Unidos. Ele concluiu o doutorado em 1984 na Universidade da Califórnia, Berkeley, e fez pós-doutorado na Universidade de Columbia, em Nova York. David Julius foi recrutado para a Universidade da Califórnia, em São Francisco, em 1989, onde agora é professor.

David Julius utilizou a capsaicina, um composto da pimenta malagueta que induz uma sensação de queimação, para identificar um sensor nas terminações nervosas da pele que responde ao calor. Já Ardem Patapoutian usou células sensíveis à pressão para descobrir uma nova classe de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e órgãos internos.

“Isso realmente revela um dos segredos da natureza”, disse Perlmann. “É uma descoberta muito importante e profunda porque é crucial para a nossa sobrevivência”, afirmou.

Perlmann disse que conseguiu falar com os dois vencedores – que dividiram o prestigioso Prêmio Kavli de Neurociência no ano passado – antes do anúncio oficial. “Eu só tive alguns minutos para falar com eles, mas eles estavam incrivelmente felizes”, contou. “E eu poderia dizer que eles ficaram muito surpresos e um pouco chocados, talvez.”

Havia uma expectativa para que o prêmio deste ano fosse concedido a pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da vacina de mRNA contra a covid-19, tecnologia considerada revolucionária. Eles ainda podem ser laureados com o Prêmio Nobel de Química. Outros temas que estavam nas previsões dos especialistas eram adesão celular, epigenética, resistência a antibióticos e novos tratamentos em reumatologia.

Esta é a 112º edição do Prêmio Nobel de Medicina, que já teve 224 cientistas laureados. Apenas 12 mulheres estão entre os vencedores. O prêmio do ano passado foi para três cientistas que descobriram o devastador vírus da hepatite C. O achado levou à cura da doença mortal e ao desenvolvimento de testes para evitar que o flagelo se espalhe pelos bancos de sangue. 

O prestigioso prêmio vem com uma medalha de ouro e 10 milhões de coroas suecas (mais de R$ 6,1 milhões). O prêmio em dinheiro vem de uma herança deixada pelo criador do prêmio, o inventor sueco Alfred Nobel, que morreu em 1895.

Pelo segundo ano consecutivo, os vencedores do Nobel não comparecerão à cerimônia de premiação em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, devido à pandemia, algo nunca visto em tempos de paz desde 1924. Como no ano passado, os prêmios serão entregues nos países de residência dos vencedores, embora a esperança ainda não tenha sido totalmente perdida para o Prêmio da Paz, entregue em Oslo.

Os favoritos para o Nobel da Paz este ano são: liberdade de imprensa (Repórteres sem Fronteiras, Comitê para a Proteção de Jornalistas e outros), a oposição bielorrussa (com destaque para a líder Svetlana Tijanovskaya) ou o clima (em particular a ativista sueca Greta Thunberg, de 18 anos). Também existe a possibilidade de o prêmio ser entregue à Organização Mundial da Saúde (OMS) ou ao programa Covax, consórcio que tem como objetivo levar a vacina contra a covid-19 a países pobres. No entanto, os especialistas dizem que as chances da entidade e da iniciativa foram reduzidas devido às taxas de vacinação desiguais e controversas.

Para a Literatura, como sempre, há dezenas de apostas. Há quem se pergunte se a Academia Sueca, que busca diversificar o perfil dos vencedores, vai escolher um não ocidental, já que o chinês Mo Yan foi em 2012 o último não americano ou europeu a ganhar o prêmio.

https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,nobel-de-medicina-de-2021-vai-para-pesquisa-sobre-receptores-para-temperatura-e-tato,70003858984

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