Na pandemia, a Black Friday foi bem diferente

A décima edição da Black Friday no país foi bem diferente de todas as outras. As reclamações subiram pouco, não houve pane nos sistemas e as vendas na data do evento, na sexta-feira passada, cresceram menos que nos dias anteriores. 

A alta na demanda no canal on-line antes da sexta-feira ajudou a melhorar os números da semana. E o volume de ofertas, menor do que o de 2019, evitou queda mais abrupta de preços e pode ter protegido a margem de lucro das varejistas. 

Segundo dados da Neotrust/ Compre&Confie, as vendas pela internet na sexta-feira subiram 28% sobre 2019, para R$ 3,86 bilhões. Ao se incluir a quinta-feira, o ritmo de expansão nos dois dias é de 31%, para R$ 5,1 bilhões. 

A Ebit Nielsen informou que as vendas de quinta e sexta, somadas, cresceram 25%, para R$ 4 bilhões. De 19 a 27 de novembro, foram faturados R$ 6 bilhões, com alta de 30% em relação a igual período de 2019. No sábado, as vendas cresceram 26,8%, para R$ 880 milhões, em relação ao mesmo dia de 2019. 

De segunda a quarta passadas, a alta foi considerável, de 109% sobre 2019, numa reação às ações comerciais das redes na mídia. Até a terceira semana, como informou o Valor dias atrás, as consultorias ainda informavam demanda em ritmo normal. Nenhum resultado publicado sobre o evento considera o desempenho em loja física, que neste ano foi mais fraca que outros anos, com migração de uma parte das vendas aos sites. 

Todos os anos, as vendas no evento sobem sobre o período anterior, com recordes anuais, então a alta em si já não surpreende o mercado. O que chamou a atenção foi a aceleração mais discreta na sexta-feira. Especialistas e instituições estimavam alta de 25% a 77% no faturamento on-line na sexta da Black Friday, como efeito da migração da venda das lojas. O número ficou no piso das projeções. 

“As vendas de quinta e sexta-feira ficaram abaixo da maioria das estimativas, mas considerando toda a semana, o desempenho foi muito bom”, diz Andre Dias, diretor- executivo do Compre&Confie. “Não teve muita loucura, até porque o desconto foi mediano. Vamos ver agora como o investimento em logística vai fazer a diferença nos próximos dias”, diz o CEO do Reclame Aqui, Maurício Vargas. 

Para os dois executivos, as vendas na sexta não subiram tanto porque o consumidor já havia comprado antes, em especial itens para casa e para o “home office”. A pandemia também desestimulou boa parte dos consumidores a visitar lojas físicas. 

Um menor número de promoções na sexta ainda pode ter pesado no desempenho. Pesquisa da plataforma de descontos Promobit mostra que o volume de ofertas caiu 20% em relação ao número do ano passado, para 2,9 mil. E as instabilidades nos sistemas foram menores que em 2019, o que levou a um recuo de 34% nas perdas de vendas geradas com as falhas, atingindo R$ 12 milhões, relata a Sofist, empresa de testes de software. No estudo foram monitorados 105 sites entre quinta e sexta-feira. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/11/30/na-pandemia-a-black-friday-foi-bem-diferente.ghtml

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