Mesmo com restrições à China, Nvidia supera US$ 44 bi em vendas no 1º trimestre

As vendas da Nvidia alcançaram US$ 44,1 bilhões no primeiro trimestre, reportou a empresa, apesar das proibições do governo Trump à venda dos chips modelo “H20” para a China. O valor veio acima do esperado pela estimativa média do mercado, de US$ 43,3 bilhões.

Trata-se de um avanço de 12% em relação ao último trimestre, e um aumento de 69% em relação ao ano anterior, conforme resultado financeiro publicado nesta quarta-feira.

O que foi considerado um resultado sólido levou as ações da fabricante de chips a subir 5% nas negociações após o fechamento do mercado. As ações da Nvidia fecharam mais cedo a US$ 134,81 em Nova York, permanecendo praticamente estáveis em 2025.

O lucro por ação surpreendeu os investidores e chegou a US$ 0,96 após o ajuste por uma baixa contábil de US$ 4,5 bilhões relacionada à perda de volume na China. O recuo foi menor que os US$ 5,5 bilhões previstos pela empresa no mês passado. A expectativa da empresa, porém, é de uma baixa de US$ 8 bilhões na mesma rubrica no segundo trimestre.

— O relatório de ganhos da Nvidia desta quarta-feira é crucial não apenas para a própria empresa, mas para todo o mercado de ações, pois pode renovar o otimismo dos investidores de forma geral e ajudá-los a focar no poder da inteligência artificial, em vez das manchetes vindas de Washington sobre tarifas e impostos — disse James Demmert, analista da Main Street Research.

Outros analistas concordaram que, a partir da apresentação dos resultados financeiros do início de 2025, é possível dizer que a empresa conseguiu, em grande parte, equilibrar o buraco em seus negócios causado pelas restrições comerciais impostas pelo governo Trump à China.

A unidade de data center — uma divisão que, sozinha, é maior do que todas as rivais mais próximas da Nvidia somadas — teve vendas de US$ 39,1 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa média de US$ 39,2 bilhões.

As vendas relacionadas a games — que já foram o principal negócio da Nvidia — foram de US$ 3,8 bilhões, acima da projeção média dos analistas de US$ 2,85 bilhões. Já o setor automotivo registrou US$ 567 milhões.

Empresa traz perspectiva otimista e acelera produção de chips

A fabricante apresentou uma previsão otimista de receita para o trimestre atual, mesmo com a desaceleração na China pesando sobre os resultados. As vendas devem chegar a cerca de US$ 45 bilhões no segundo trimestre fiscal, que vai até julho, disse a empresa na quarta-feira.

O número já inclui a perda de aproximadamente US$ 8 bilhões em receita da China devido aos controles de exportação. A previsão ficou alinhada às estimativas dos analistas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A perspectiva mostra que a Nvidia está acelerando a produção do Blackwell, seu mais novo design de semicondutor. A fabricante de chips — agora a maior do mundo em receita — domina o mercado de aceleradores de IA, os componentes que ajudam a desenvolver e rodar modelos de inteligência artificial. E uma linha cada vez mais ampla de hardware e software permite à Nvidia vender mais produtos para os clientes.

Como parte dessa estratégia, a empresa está oferecendo seus chips cada vez mais como parte de sistemas completos — uma medida que, segundo ela, é necessária para acelerar a implementação de tecnologias mais complexas e poderosas.

Analistas temem longo prazo

Uma questão persistente é se as restrições comerciais dos EUA à China irão prejudicar o crescimento de longo prazo da Nvidia. Em abril, o governo Trump impôs novas limitações às exportações de processadores para data centers a clientes chineses, efetivamente tirando a Nvidia do mercado. A empresa informou na quarta-feira que registrou uma baixa contábil de US$ 4,5 bilhões por causa disso.

“A preocupação mais ampla é que as tensões comerciais e os possíveis impactos tarifários na expansão de data centers possam criar ventos contrários para a demanda por chips de IA nos próximos trimestres”, disse o analista do Emarketer, Jacob Bourne, em nota.

A Nvidia também revelou que está enfrentando escrutínio dentro da China, onde reguladores exigiram que ela continue fornecendo chips a empresas locais em troca da aprovação regulatória para sua aquisição da Mellanox. A empresa alertou que pode enfrentar penalidades nesse caso. A Nvidia concluiu a compra da Mellanox, fabricante de tecnologia de rede, em 2020.

“Reguladores na China estão investigando se cumprir os controles de exportação aplicáveis dos EUA discrimina injustamente clientes no mercado chinês”, disse a empresa. “Se os reguladores concluírem que não cumprimos tais compromissos ou violamos alguma lei aplicável na China, poderemos estar sujeitos a penalidades financeiras e a restrições em nossa capacidade de conduzir negócios.”

https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2025/05/28/mesmo-com-restricoes-a-china-nvidia-registra-receita-de-us-441-bilhoes-no-primeiro-tri.ghtml

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