A ampliação da área que impõe taxas a veículos poluentes entra em vigor nesta terça-feira (29) em Londres, onde as promessas de melhor qualidade do ar enfrentam resistência em meio à crise do custo de vida.
A zona ULEZ (“ultra low emission zone”, zona de emissão ultrabaixa), foi criada em 2019 no centro de Londres para garantir melhor qualidade do ar aos moradores. A medida obriga motoristas dos veículos mais poluentes a pagar uma taxa.
Em 2021, a área foi ampliada significativamente e, a partir desta terça-feira, incluirá toda a Grande Londres (área metropolitana), um projeto liderado pelo prefeito trabalhista, Sadiq Khan, criticado em meio a uma crise inflacionária.
Esta questão influenciou os resultados do partido em uma recente eleição local e o líder trabalhista Keir Starmer pediu a Khan que “refletisse” sobre a sua decisão de ampliar a zona ULEZ.
Alguns observadores acreditam que a ampliação da área deste imposto pode ter consequências para a política ambiental do Reino Unido, cujos objetivos a longo prazo colidem com as prioridades a curto prazo dos eleitores, especialmente o seu poder de compra.
Mas apesar das críticas, dos desafios legais e das tentativas de sabotagem (centenas de câmeras ULEZ foram vandalizadas nos últimos meses, segundo a polícia), Sadiq Khan segue em frente.
“Não podemos nos permitir ignorar a situação quando se trata de responder a uma emergência de saúde pública ou a uma emergência climática”, disse o prefeito no início de agosto.
NOVE MILHÕES SÃO ATINGIDOS
Após o fracasso de um processo legal contra a ampliação, o prefeito celebrou que seu projeto permitirá que “mais cinco milhões de londrinos” respirem “ar mais limpo”.
Com a nova extensão, a zona ULEZ cobrirá uma área de nove milhões de habitantes.
Segundo um relatório de 2022, a poluição do ar foi a causa de 1.700 hospitalizações em Londres entre 2017 e 2019.
Os motoristas de automóveis a gasolina fabricados, em sua maioria, antes de 2006 (norma Euro 4) e de automóveis a diesel fabricados antes de 2015 (Euro 6) devem pagar cerca de US$ 15,7 (R$ 76,82 na cotação atual) por dia para entrar na zona ULEZ, sob pena de multa de US$ 226 (R$ 1.105).
Caminhões e ônibus devem pagar US$ 125 (R$ 611) por dia. Os táxis estão isentos.
O município de Londres lançou um programa de subsídios para que a população possa trocar os seus carros por veículos menos poluentes antes da entrada em vigor do imposto.
Em entrevista à agência de notícias da Autoridade Palestina no domingo, Sadiq Khan disse estar “desapontado” com fato de o governo conservador não estar financiando parte deste programa de ajuda, como fez em outras cidades britânicas.
“Estou desapontado que [os conservadores] aparentemente usem a poluição atmosférica e a mudança climática como armas políticas”, disse ele.
O Greenpeace afirmou em comunicado que a cidade de Londres “pode ficar orgulhosa” pela ampliação da zona.
“Em vez de fazer política com questões tão vitais, [o primeiro-ministro Rishi Sunak] deveria trabalhar com o prefeito de Londres para fornecer apoio financeiro real aos trabalhadores que querem se livrar dos veículos mais antigos e poluentes”, disse a organização.