A Justiça da China proibiu a Apple de vender modelos antigos de iPhones no país, após descobrir que a companhia violou duas patentes de softwares detidas pela Qualcomm. A medida gera incertezas sobre os negócios da Apple no já complicado mercado chinês, em meio a uma disputa comercial entre o país e os Estados Unidos.
A decisão, feita por um tribunal chinês especializado em propriedades intelectuais, é a primeira desse tipo no maior mercado mundial de smartphones, que vem buscando reduzir as vendas de iPhones naquele país. A medida não se aplica aos novos modelos lançados em 2018.
A Apple disse que, por enquanto, todos seus iPhones continuam à venda na China, e que pretende recorrer da decisão judicial.
A Qualcomm disse que o tribunal da cidade de Fucheu — capital da província de Fujian, na China — descobriu que a Apple infringiu duas patentes suas: uma relacionada à edição de fotos e outra ao deslizamento em telas touch-screen.
iPhones X, 8,7 e 6
A justiça baniu a importação e venda dos modelos de iPhones X, 8,7 e 6. A decisão não incluiu os novos produtos — iPhone XS, XS Max e XR — porque esses modelos não estavam no mercado quando o processo foi iniciado.
Ainda não está claro quando tal proibição entrará em vigor. A Apple já vem desacelerando a venda global de alguns modelos de iPhone, incluindo o 6s, 6s Plus e X. Até a tarde desta segunda-feira (10), o site da empresa na China ainda estava vendendo os iPhones 7 e 8, assim como os últimos lançamentos.
A decisão judicial é o mais novo desdobramento em uma disputa de longa data entre Apple e Qualcomm. A fabricante de chip já registrou mais de 12 processos relacionados à violação de patente contra a Apple nos dois últimos anos.
A Apple possui um mercado relevante de vendas na China, com o país representando cerca de um quinto de sua receita anual.
Nesse contexto, o Citigroup reduziu o preço-alvo estimado para as ações da Apple, de US$ 240 para US$ 200, e manteve a recomendação em compra. As ações da companhia subiam 0,2% no início da tarde desta segunda, na Nasdaq, cotadas a US$ 168,83.
Alguns analistas, porém, dizem que a notícia pode parecer pior do que realmente é. Segundo a casa de análise Wedbush, os modelos envolvidos na proibição estão relacionados a apenas 10% a 15% das vendas potencialmente afetadas na região, se comparados às versões antigas.
Em resposta, a Apple disse: “Os esforços da Qualcomm em banir nossos produtos é outra tentativa desesperada de uma companhia cujas práticas ilegais estão sob investigação de reguladores em todo o mundo. Todos os nossos modelos de iPhone continuam disponíveis na China.”
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