Inflação sobe nos EUA, mas há fatores passageiros

Os preços ao consumidor nos EUA subiram 0,6% em maio em relação a abril, com isso, a taxa anual da inflação atingiu 5%, a maior alta desde agosto de 2008, segundo dados oficiais divulgados ontem. Nos próximos meses, o cenário ainda parece ser de uma inflação ainda mais alta, mas muitos dos fatores que pressionam os preços, ainda parecem temporários. 

A medida de núcleo da inflação – que exclui os preços de alimentos e energia para melhor capturar a tendência da inflação – subiu 0,7% no mês. Em comparação a maio de 2020, o núcleo da inflação subiu 3,8%, marcando a maior alta anual desde junho de 1992. 

Alguns desses grandes ganhos na taxa anual ocorreram porque os preços haviam caído nos primeiros meses da crise da covid-19. Mas não vamos nos enganar, isso dificilmente era a única coisa acontecendo. Os desequilíbrios entre oferta e demanda surgidos à medida que os países afrouxavam as restrições para conter a pandemia têm pressionado a inflação fortemente. Os dados divulgados ontem mostraram que o núcleo da inflação também subiu 2,2% em relação a novembro, por exemplo, a maior alta em seis meses desde junho de 1991. 

A inflação foi mais alta em muito mais setores do que seria de se esperar. Como a escassez global de semicondutores limitou a produção de carros novos, os preços dos usados dispararam 30% no ano. Os preços de itens como estadias em hotéis e passagens aéreas, embora ainda estejam abaixo dos níveis pré-pandêmicos, também subiram forte com mais americanos voltando a viajar. Os preços dos eletrodomésticos também subiram, como resultado do boom imobiliário e da oferta limitada como resultado da escassez de chips. 

Nos próximos meses, o cenário parece armado para que uma inflação ainda mais alta. A economia está crescendo rapidamente – economistas consultados pela IHS Markit agora preveem uma taxa anual de 10,1% no segundo trimestre, seguido por 6,9% no terceiro – enquanto a escassez de muitos itens permanecerá sem solução no curto prazo. 

Além disso, com muitos empregadores enfrentando dificuldades para contratar, os salários estão subindo e algumas empresas estão tentando compensar os custos trabalhistas elevando os preços. 

Mas muitos dos fatores que pressionam os preços, embora possam durar mais algum tempo, ainda parecem temporários. A escassez de chips e outros gargalos da cadeia de suprimentos provavelmente serão resolvidos no próximo ano. O mesmo se aplica as dificuldades atuais das empresas para encontrar funcionários. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/06/11/inflacao-sobe-nos-eua-mas-ha-fatores-passageiros.ghtml

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