Índice vai mensurar uso de soluções digitais no campo

Será lançada nesta terça-feira a primeira ferramenta para medir o uso de soluções digitais pelos agricultores brasileiros, o Índice de Digitalização e Tecnologia (IDT). A plataforma pretende coletar dados de 5 mil produtores de soja de todo o país e quantificar a aplicação de tecnologia no campo. O objetivo é ajudar o setor produtivo a adotar e difundir tecnologias de agricultura 4.0. 

O IDT foi desenvolvido pelo Projeto Aquarius, uma iniciativa público-privada com 21 anos de atuação em agricultura de precisão. Drakkar, Stara, Cotrijal, OWS e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) participam do projeto, que tem a coordenação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. 

Para o levantamento, os produtores participarão de uma pesquisa virtual. As respostas vão gerar um índice médio de digitalização, que poderá ser comparado em escalas nacional, estadual e regional. Os agricultores também terão acesso a uma “bússola” para orientar a adoção de tecnologias e a tomada de decisão de acordo com as “deficiências” apontadas no questionário, com opções detalhadas de medidas a serem implementadas caso a caso. 

O site vai apresentar ao público o mapa e o ranking de digitalização do Brasil, que terão atualização em tempo real. A meta é também ajudar governo e iniciativa privada a criarem programas de acordo com a realidade tecnológica e a necessidade de cada lugar. 

“Queremos fazer um diagnóstico do processo de digitalização no agronegócio brasileiro”, disse ao Valor Alan Acosta, subcoordenador do Projeto Aquarius. “É uma forma de medir a tecnologia e o conhecimento e dar ao produtor uma referência para ele saber se está mais ou menos avançado e, a partir disso, definir um rumo”. 

O IDT é medido por meio de um algoritmo, já testado com 50 produtores e com precisão de 90%. Para participar, o produtor faz um cadastro simples na plataforma e responde a três fases de perguntas sobre a adoção de tecnologias digitais na sua atividade. As questões abordam temas como acesso à internet na fazenda, registro digital da produtividade nos últimos três anos, uso de sensores e mapas de colheita, contratação de consultorias e adoção da internet das coisas na produção. 

Cada resposta tem uma pontuação. Ao final, o produtor é informado sobre seu IDT, que varia de 26 a 193 pontos. A partir do resultado, o agricultor recebe orientações personalizadas sobre como melhorar seu nível de digitalização. “É uma competição sadia. O benefício é instantâneo para quem responde, e o ganho coletivo ocorrerá mais a longo prazo. Quem responde enxerga uma foto da sua digitalização e a média em relação aos outros. A bússola mostra o que ele pode melhorar, mostra opções e explica cada item”, acrescentou Acosta. 

O presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP), Marcos Ferraz, diz que o IDT pode ajudar a resolver um dos entraves atuais do setor, que é a falta de conhecimento dos produtores sobre os ganhos trazidos pela adoção das tecnologias. “Esse índice propõe ao próprio usuário avaliar o que ele já tem e aproveitar melhor essa tecnologia”, sintetizou. Os dados também podem ajudar o governo a fazer políticas públicas mais direcionadas e assertivas. “A cadeia vai saber o quanto esse produtor está pronto para receber uma tecnologia, o que evita que ela seja subutilizada”. 

https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2021/06/15/indice-vai-mensurar-uso-de-solucoes-digitais-no-campo.ghtml

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