IBM vai separar área que administra infraestrutura de TI

A International Business Machines (IBM) planeja desmembrar como empresa independente sua divisão que gere a infraestrutura de tecnologia da informação e que responde por quase 25% de suas vendas e de seu quadro de funcionários. Trata-se de medida relevante no esforço da pioneira de tecnologia, operante há 109 anos, de focar na divisão de computação em nuvem e de inteligência artificial, de crescimento mais acelerado. 

A decisão, anunciada ontem pela IBM, vai promover a separação de uma grande parcela de sua divisão de serviços de tecnologia da informação, que há anos é sua maior impulsionadora de receita. Mas a divisão encolheu quando os clientes aderiram à computação em nuvem e se tornou um entrave para os lucros da IBM. 

Os executivos disseram em teleconferência que a divisão de serviços de gestão de infraestrutura contabilizou cerca de US$ 19 bilhões em vendas nos últimos 12 meses, e que a nova empresa a ser formada terá cerca de 90 mil funcionários e uma carteira de encomendas por atender de US$ 60 bilhões. A IBM registrou US$ 77,15 bilhões em receita total para 2019 e 352,6 mil funcionários. 

A IBM disse que a empresa independente, ainda sem nome, já tem relações com 4,6 mil clientes em 115 países e que opera no que a IBM considera ser um mercado de US$ 500 bilhões. 

Os investidores receberam bem a notícia, o que proporcionou às ações da IBM uma alta de mais de 7% no pregão de ontem. Os papéis tinham caído 7% neste ano, até o fim do fechamento de quarta-feira, ficando atrás de concorrentes em nuvem que tiveram grandes valorizações durante a pandemia, em vista do maior volume de trabalho transferido “on-line” pelas empresas. As ações da Microsoft aumentaram mais de 30% de valor, e as da varejista “on-line” Amazon.com, a maior fornecedora de serviços em nuvem, mais de 70%. 

O anúncio do desmembramento ocorre alguns meses após a empresa, sediada em Armonk, no Estado de Nova York, ter dito que estava fechando um número não especificado de vagas, na primeira grande redução relevante de funcionários da gestão do executivo-chefe Arvid Krishna. Ele assumiu o cargo em abril e está tentando revitalizar o crescimento da empresa de tecnologia. As demissões foram realizadas contra o pano de fundo da pandemia de covid-19, que levou muitos clientes da IBM a reduzir os investimentos e evitar grandes negócios com software. 

Mesmo antes da crise sanitária, a IBM enfrentou um esforço de um ano para reposicionar a empresa. As vendas caíram cerca de 25% nos últimos oito anos e os resultados da empresa foram inferiores aos de outras como a Amazon.com e a Microsoft em computação em nuvem – em que as empresas alugam capacidade e sistemas, em vez de comprar. 

A IBM sinalizou seu foco na nuvem com a nomeação de Krishna como diretor- presidente, após sua antecessora, Ginni Rometty – atualmente presidente-executiva do conselho de administração – ter enfrentado dificuldades para injetar crescimento na companhia. 

A IBM também nomeou Jim Whitehurst – diretor-presidente da Red Hat, a gigante de software de fonte aberta que a IBM adquiriu por cerca de US$ 33 bilhões no ano passado – como seu presidente, a primeira vez em várias décadas em que atribuiu a um executivo esse título exclusivo. A IBM vem tentando capitalizar o que denomina de nuvem híbrida e encarou a aquisição da Red Hat, a mais cara de sua história, como uma oportunidade de ultrapassar os competidores. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/10/09/ibm-vai-separar-area-que-administra-infraestrutura-de-ti.ghtml

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