IA vai decidir melhor que humanos, diz Nobel de Economia

A inteligência artificial poderá tomar decisões melhor do que qualquer líder empresarial humano, quando as bases de informações forem suficientemente grandes, afirmou o vencedor do prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman, em evento da Neoway e B3. “O que vai acontecer quando a ‘IA’ desenvolver um julgamento empresarial melhor do que as pessoas que têm experiência?”, questionou. “Os altos executivos perderão a autoridade”, acrescentou o especialista em economia comportamental.

Conforme o pesquisador, “as fórmulas se saem melhor que as pessoas na maioria dos julgamentos por que não sofrem com os ruídos”. Segundo Kahneman, “a maneira como as pessoas aplicam as regras não são consistentes, mas os algoritmos sempre chegam na mesma resposta ao aplicar uma regra, o que é uma grande vantagem”.

Kahneman citou um estudo realizado em uma companhia de seguros sobre avaliação para subscrição de risco, ou seja, colocar um valor para um determinado risco. De acordo com o especialista, quando os profissionais eram questionados sobre qual seria uma diferença razoável para uma discrepância de respostas, o consenso era de algo em torno de 10%.

Mas, ao se chamar aleatoriamente diferentes subscritores, os valores atribuídos aos riscos variaram na média em 50%. “Ou seja, cinco vezes mais do que as pessoas esperavam que seriam os resultados. E isso é o ruído.”

Conforme Kahneman, a questão do ruído pode atrapalhar as organizações, porque decisões erradas podem se acumular e levar a resultados negativos. Por outro lado, algoritmos não são influenciados pelos vieses ou intuição, como os seres humanos.

O prêmio Nobel de Economia apontou ainda que os vieses encontrados em algoritmo são, na verdade, tendências que vêm das pessoas que criaram os critérios inseridos nos programas. “Nunca há um viés algoritmo que não venha de um ser humano. Como não há ruído [no algoritmo] o viés ocorre porque a escolha errada foi feita na hora de decidir sobre as variáveis”, ponderou.

Na avaliação de Kahneman, “o viés sempre existe nos dados”. O pesquisador citou um estudo realizado pela Amazon sobre o que faz um funcionário ser um bom funcionário. “O algoritmo chegou à conclusão que as mulheres tem uma situação pior que a dos homens. Mas isso ocorreu porque fizeram um algoritmo retrospectivo, levando em consideração quem teve sucesso no passado. Então, se tem um viés no passado, isso é reproduzido no algoritmo, ou seja, foi um viés do criador do algoritmo.”

Essa questão é apontada pelo especialista em economia comportamental como muito importante no momento atual. “Nós estamos cercados pelos algoritmos, que exercem influência sobre nós”, afirmou. “Quando esses mecanismos tentam adivinhar o que você gosta, adivinham o que você gosta de usar. Um dos efeitos disso nos EUA é a polarização política. De várias maneiras a polarização é facilitada pelos algoritmos. As pessoas, em geral, não estão interessadas no outro lado, na outra opinião, as pessoas querem ver visões mais extremas da sua própria opinião e isso é o que aumenta a polarização.”

https://valor.globo.com/carreira/noticia/2022/08/30/ia-vai-decidir-melhor-que-humanos-diz-vencedor-de-nobel-de-economia.ghtml

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