Governo da França defende o ‘patriotismo nutricional’

O governo da França defende agora o “patriotismo nutricional”, aparentemente alarmado com o volume de importação de alimentos. E o argumento do ministro da Agricultura do país, Julien Denormandie, é tão simples quanto vago: “Um frango brasileiro ou ucraniano não é a mesma coisa que um frango francês”. 

Ontem, produtores agrícolas franceses, conhecidos por sua fibra protecionista, organizaram-se para uma “cúpula para a soberania alimentar’’. Como sempre, o movimento resulta em demandas para a Europa limitar importações e aumentar os subsídios para a produção local. 

A Fnsea, federação dos sindicatos agrícolas, alega que a dependência alimentar do país tem crescido. Christiane Lambert, produtora de suínos que preside a entidade, deu entrevistas reclamando que 25% da carne bovina, 40% dos legumes e 60% das frutas que os franceses consomem vêm do exterior. 

No ritmo atual, segundo ela, em dois anos, a França se tornará um país importador líquido de produtos agrícolas, algo inédito em 45 anos. “Se nada for feito, a França não será capaz de prover sozinha a subsistência de suas necessidades alimentar a partir de 2023. Continuaremos a ser o primeiro produtor europeu, mas unicamente graças aos cereais’’. 

A Fnsea argumenta ainda que o país tem um superávit comercial de € 8 bilhões, mas unicamente graças às exportações de vinhos. Em valor, a parcela dos embarques franceses de alimentos no total das exportações europeias diminuiu 6 pontos percentuais em 20 anos. “As importações aumentam com mais rapidez e nosso déficit cresce a cada ano’’, afirma Lambert. 

Para ela, criar rotulagens ecológicas é inócuo porque o grosso da população alimenta- se de produtos ditos “médios”, que são importados fortemente. 

De seu lado, o presidente Emmanuel Macron insistiu com seu plano de aumento da produção de proteínas para reduzir a dependência da França em relação à soja importada. Macron também considera que é preciso, mais do que nunca, defender a carne francesa. 

A versão de soberania alimentar de Macron resume-se a uma remuneração justa dos produtores, à luta contra as distorções da concorrência e à proteção dos agricultores contra as mudanças climáticas. 

https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2021/05/19/governo-da-franca-defende-o-patriotismo-nutricional.ghtml

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