Google treina seus robôs para serem mais parecidos com os humanos

Pesquisadores no laboratório do Google pediram recentemente a um robô para montar um hambúrguer com vários ingredientes de brinquedo de plástico.

O braço mecânico sabia bem que devia adicionar o ketchup depois da carne e antes da alface, mas achava que a maneira certa de fazer isso era colocar a garrafa inteira dentro do hambúrguer.

Embora esse robô não vá estar em breve trabalhando como auxiliar de cozinha em um restaurante, ele é a materialização de uma conquista maior anunciada pelos engenheiros do Google na última terça-feira, 16.

Usando um software de inteligência artificial (IA) desenvolvido recentemente e conhecido como “modelos de linguagem ampla”, os pesquisadores dizem que foram capazes de projetar robôs que podem ajudar os humanos com uma variedade maior de tarefas do dia a dia.

Em vez de dar uma longa lista com instruções – orientando detalhe por detalhe cada movimento das máquinas –, os robôs agora podem atender a solicitações completas, de um jeito mais parecido ao de um humano.

Em uma demonstração na semana passada, um pesquisador disse a um robô: “Estou com fome. Você pode me dar algo para comer?”. O robô então começou a procurar por algo em uma cafeteria, abriu uma gaveta, encontrou um pacote de batatinhas e levou para o pesquisador.

Novo paradigma para a robótica

É a primeira vez que modelos de linguagem são integrados a robôs, segundo os executivos e pesquisadores do Google.

“Este é basicamente um paradigma diferente”, disse Brian Ichter, pesquisador do Google e um dos autores de um artigo divulgado na terça-feira no qual são descritos os avanços alcançados pela empresa.

Robôs já são algo corriqueiro. Milhões deles trabalham em fábricas por todo o mundo, mas seguem instruções específicas e costumam focar em apenas uma ou duas tarefas, como mover um produto pela linha de montagem ou soldar e unir duas peças de metal. A corrida para construir um robô que pode fazer uma série de tarefas do dia a dia – e aprender com o trabalho – é muito mais complexa. Tanto pequenas como grandes empresas de tecnologia trabalham há anos para construir esses robôs de uso geral.

Os modelos de linguagem funcionam a partir de grandes quantidades de texto baixados da internet que são usados para treinar o software de inteligência artificial para adivinhar quais tipos de respostas podem surgir depois de certas perguntas ou comentários. Os modelos se tornaram tão bons em prever a resposta correta, que ao interagir com eles, muitas vezes temos a sensação de estarmos conversando com um ser humano sábio. O Google e outras empresas, incluindo a OpenAI e a Microsoft, investiram recursos para criar modelos melhores e treiná-los com conjuntos de texto cada vez maiores, em vários idiomas.

A atividade é polêmica. Em julho, o Google demitiu um de seus funcionários que afirmou acreditar que o software era senciente. O consenso entre os especialistas em IA é que os modelos não são sencientes, mas muitos estão preocupados com o fato de eles expressarem preconceitos porque foram treinados com quantidades enormes de textos sem filtros e criados por humanos.

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