Google cobra mais que o dobro da concorrência em anúncios

O Google fica com algo entre 22% e 42% dos gastos com publicidade dos Estados Unidos que passam por seus sistemas, de acordo com novo processo judicial ainda não editado de procuradores-gerais estaduais. O processo, revelado pelo jornal “The Wall Street Journal”, lança uma nova luz sobre como a gigante das buscas lucra com sua posição dominante na economia da internet. 

Segundo informações do jornal, a parte que a subsidiária da Alphabet obtém de cada transação de publicidade em sua bolsa – um vendedores de anúncios – costuma ser duas a quatro vezes maior do que as marketplace para compradores e comissões cobradas por bolsas de anúncios digitais rivais, segundo o processo, que é liderado pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, e tem a adesão dos procuradores de 15 Estados. O trabalho complementa uma ação antitruste do Departamento de Justiça dos EUA e quase 40 procuradores-gerais estaduais que se concentra nos serviços de busca do Google, observa o “The Wall Street Journal”. 

O processo foi apresentado na sexta-feira ao Tribunal Distrital dos EUA do Distrito Sul de Nova York, depois que um juiz federal decidiu na semana passada que grande parte do processo antitruste poderia ser aberto. O documento, segundo o “The Wall Street Journal”, acusa o Google de adotar estratégias para “prender” editores e anunciantes e ajudar suas ferramentas de compra de anúncios a vencer mais de 80% dos leilões em sua bolsa de anúncios. 

Os procuradores citam documentos do próprio Google que indicam que a empresa veiculou 75% de todas as visualizações de anúncios online nos EUA durante o terceiro trimestre de 2018, aponta o “The Wall Street Journal”. Também afirmam que programas com codinomes como Bell, Elmo e Poirot, que ajudaram o Google a gerar mais de US$ 1 bilhão em vendas. 

De acordo com a reportagem, o processo argumenta que as práticas comerciais do Google aumentam os custos de publicidade, que as marcas repassam aos consumidores nos preços de seus produtos. E alega que o Google suprime a concorrência de bolsas de anúncios rivais e limita as opções dos sites para veiculação de anúncios. 

Na ação, os advogados do grupo de Estados se concentraram no papel da bolsa de anúncios do Google, a AdX, aponta o jornal. Segundo eles, a AdX cobra uma comissão de 19% a 22% do que os anunciantes pagam, o que é o dobro, o até quatro vezes mais do que os concorrentes cobram. Anunciantes menores, que fazem as transações em um sistema separado, pagam ainda mais, entre 32% e 40%. De acordo com o processo, a grande participação de mercado na área de publicidade ajudou a empresa a garantir essas taxas maiores. 

“A analogia seria se o Goldman ou o Citibank fossem donos da NYSE”, disse um alto funcionário do Google citado no processo, em uma referência à 

Paxton disse que as comunicações internas do Google mostram que a empresa não tem como justificar suas comissões de publicidade. “Só um monopolista pode cobrar taxas que são o dobro das de seus concorrentes e ainda aumentar sua participação no mercado”, afirmou. 

Ainda segundo o “The Wall Street Journal”, o Google negou as acusações e alegou que o processo tem várias falhas. “Este processo está repleto de imprecisões e nossas taxas de tecnologia de publicidade são, na verdade, mais baixas do que as médias registradas do setor”, disse Peter Schottenfels, porta-voz da empresa. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/10/24/google-cobra-mais-que-o-dobro-da-concorrncia-em-transaes-de-anncios-diz-investigao-jurdica-nos-eua.ghtml

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