Gigantes da tecnologia já perderam US$ 822 bi

As gigantes de tecnologia, consideradas as preferidas para investimentos na última década e responsáveis por liderar o crescimento do mercado de ações nos Estados Unidos, perderam US$ 822 bilhões em valor de mercado desde agosto, quando tinham atingido o pico do ano. O grupo é formado pelas cinco maiores companhias do setor e ficou conhecido como Faang (sigla para Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google, que pertence à holding de empresas Alphabet). O levantamento foi feito pelo jornal New York Times. 
A alta nas ações de empresas de tecnologia foi responsável por picos de bons resultados da bolsa de valores americana, mas desde a última sexta-feira, sobretudo, o humor do mercado sobre o setor tem mostrado uma mudança drástica. 
Apesar de as razões relacionadas a cada um dos casos estarem ligadas a situações específicas, há um receio no mercado sobre o quanto os resultados recentes indicam a tendência de desaquecimento do setor. O fundo comum do abalo da confiança de investidores passa pela menor demanda, as incertezas em torno da guerra comercial do presidente Donald Trump com a China e os questionamentos sobre privacidade na indústria, seguidos de uma pressão crescente pela regulação governamental sobre empresas como Google e Facebook.
Na segunda-feira, 19, a Apple liderou as perdas na bolsa, com queda de cerca de 4%. Na comparação com seu pico histórico, a empresa perdeu cerca de US$ 270 bilhões em valor de mercado. 
No dia seguinte, o Goldman Sachs reiterou nota de avaliação neutra e reduziu a previsão de valor da empresa. Em relatório, o banco citou a demanda mais fraca na China e em mercados emergentes e uma reação morna sobre os novos iPhones fora dos EUA. 
Reportagem do Wall Street Journal nesta semana revelou que a Apple cortou pedidos de produção para os três novos modelos de iPhone lançados em setembro, com a demanda mais fraca do que o esperado. À rede de televisão CNBC, o analista do setor de tecnologia da Wedbush Securities, Daniel Ives, afirmou que as principais empresas de tecnologia levaram sustos nos últimos meses. “Não estamos falando só sobre o que a Apple representa, mas o efeito disso pela cadeia produtiva.”
A guerra comercial entre EUA e China e a imposição de tarifas pelo presidente Donald Trump lança mais incertezas no mercado de tecnologia, considerado vulnerável a tarifas impostas dentro do setor produtivo.
Crise de reputação
Já o Facebook enfrenta uma crise de reputação ligada ao seu modelo de negócios desde o ápice do escândalos envolvendo a empresa Cambridge Analytica e o uso de dados para influência estrangeira na eleição de 2016 dos EUA. 
Levantamento da revista Forbes apontou em maio a empresa com maior valor de mercado, numa lista encabeçada pela Apple, mas as ações da companhia caíram 40% em relação às suas máximas históricas. Nesta quarta-feira, 21, em entrevista à CNN, Mark Zuckerberg disse que não está nos planos deixar o comando da empresa, em meio às pressões que o Facebook vem sofrendo.
A crise na reputação do Facebook estimula as discussões sobre a regulamentação governamental do setor. Há uma semana, o deputado democrata que deve assumir o comitê antitruste da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, David Cicilline, disse que a autorregulamentação da rede social não é confiável, após a vinda à tona de mais uma longa reportagem do New York Times sobre o uso de dados da rede para interferência eleitoral.
Do outro lado, agentes do mercado financeiro apontam que ainda é cedo para avaliar se a queda no valor de mercado vai se configurar como uma tendência ou se as ações irão se recuperar.
Nesta quarta, as empresas tentaram reverter as perdas. Facebook, Alphabet e Amazon registram altas. Apple, que tinha passado todo o pregão no azul, voltou ao vermelho no fechamento (-0,05%). Já a Netflix fechou em baixa de 1,82%.

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