As autoridades americanas vão examinar a necessidade de adotar regulamentações para manter a tecnologia essencial de inteligência artificial (IA) fora do alcance dos concorrentes dos EUA. Trata-se de um possível esquema de repressão semelhante à adoção de restrições às exportações de semicondutores para a China.
O Departamento de Comércio se reunirá com a comunidade empresarial hoje e amanhã sobre limites às exportações de tecnologia da informação, indagando sobre questões como o equipamento usado pelo aparato militar chinês no desenvolvimento de IA.
“A IA pode ajudar a lidar com alguns desafios muito difíceis de enfrentar, como a doença e a mudança climática, mas também temos de fazer frente aos riscos potenciais à nossa sociedade, à nossa economia, à nossa segurança nacional”, disse Biden a seu conselho de assessores em ciência e tecnologia em abril.
A exemplo dos semicondutores, a IA está diretamente ligada ao desenvolvimento de tecnologia militar avançada e é um dos principais campos de batalha na competição entre EUA e China na esfera da tecnologia. Alguns parlamentares americanos defenderam restrições a exportação de IA de ponta.
A IA foi proposta para ser incluída em uma área prioritária de um processo de triagem de investimentos voltados para o exterior na China que se prevê que o governo Biden começará a testar em pouco tempo.
O setor de tecnologia encara com cautela a possibilidade de regulamentar demais o campo emergente da IA. Barreiras à cooperação sino-americana no campo correm o risco de tolher a inovação mundial. Estima-se que cerca de metade da pesquisa internacional chinesa em IA é realizada com os EUA.
Washington também avalia regras internas sobre IA para proteger dados pessoais.
O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, planeja propor uma legislação já neste segundo trimestre, que fixaria padrões de transparência e confiabilidade, ao mesmo tempo em que tentaria reduzir a propagação de desinformação.
Ele acha que “é imperativo aos EUA liderarem e modelarem as regras que governam uma tecnologia tão transformadora e não permitir que a China assuma a liderança ou dite o código de práticas sobre
inovação”, segundo relatório dos democratas no Senado.
A Administração Nacional de Telecomunicações e Informação, parte do Departamento de Comércio, começou a solicitar comentários públicos sobre política da IA em meados de abril, com foco em mecanismos como auditorias, avaliações e certificações para criar “confiança conquistada” em sistemas.
A secretária de Comércio, Gina Raimondo, disse que o governo está se movimentando depressa para elaborar seu enfoque para a tecnologia, chamando a atenção para os desafios gigantescos representados pela privacidade de dados e pela desinformação.
O governo Biden tem sido cuidadoso na regulamentação de IA até agora. A Casa Branca divulgou em outubro um documento não vinculante do “Projeto de uma Declaração de Direitos em IA” que alerta contra permitir que sistemas automatizados fomentem a discriminação ou os vieses no local de trabalho.
O objetivo é criar regras que não tolham o desenvolvimento de inovações como o chatbot de IA generativa ChatGPT, criado pela OpenAI, sediada nos EUA.
“Estamos tentando chegar a… qual seria o melhor processo de política pública para colher as recompensas, minimizando, ao mesmo tempo, os riscos”, disse Bharat Ramamurti, vice-diretor do Conselho Econômico Nacional. “Queremos garantir que os EUA estejam liderando o esforço global para se beneficiar da IA”, disse ele