EUA permanecem longe das metas de emprego e inflação

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reafirmou o comprometimento do BC americano em manter as suas políticas de dinheiro fácil até que a economia se recupere mais dos efeitos da pandemia de covid-19. 

“A economia está longe das nossas metas de emprego e inflação”, disse Powell em apresentação preparada para o seu depoimento ao Comitê Bancário do Senado dos EUA. O Fed, portanto,continuará a dar suporte à economia com juros próximos de zero e compras de ativos de grande escala até que “um progresso significativo tiver sido feito”, que é algo que o presidente do Fed disse que demorará algum tempo para ser alcançado. 

Powell pintou um cenário mais positivo da economia nesta terça-feira do que da última vez em que ele prestou depoimento aos legisladores americanos, em 1o de dezembro do ano passado. O número de casos de covid-19 estava disparando na época, partes do país estavam apertando os “lockdowns” e as campanhas públicas de vacinação ainda não haviam começado, levando Powell a alertar que a perspectiva para a economia estava “extraordinariamente incerta”. 

O depoimento vem em meio às negociações do pacote de estímulos fiscais de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente americano, Joe Biden, que deve gerar questões sobre a opinião de Powell sobre o estado da economia. 

Nas suas últimas aparições, o presidente do Fed reforçou o papel da política fiscal em alimentar a recuperação, que tem sido mais rápida do que o esperado por vários economistas. Mas ele também se recusou a recomendar um montante específico ou um tipo de estímulos, e os seus comentários preparados para hoje não respondem a questão de se ele acredita que mais estímulos são necessários. 

Questionado pelo senador republicano John Kennedy sobre se ele estaria “tranquilo” com uma rejeição do pacote de estímulos fiscais de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente Joe Biden pelo Congresso, Powell reiterou que “não é apropriado para o Fed assumir uma postura nestas discussões fiscais”. 

“Eu acho que ao dizer que estou tranquilo ou não, eu teria que expressar uma opinião”, esclareceu Powell, ao se recusar a dar mais esclarecimentos sobre a postura da sua instituição. 

O banqueiro central reiterou a sua visão de que reduzir o déficit será necessário em algum momento no futuro, mas disse que conseguir uma recuperação econômica plena deveria ser a principal prioridade neste momento. 

Powell também respondeu a várias perguntas relacionadas à estabilidade financeira, especialmente sobre os riscos de que uma taxa de juros muito baixa alimente bolhas e faça com que a inflação dispare. 

Apontando que bolhas de ativos desencadearam as recessões em 2001 e entre 2007 e 2009, o senador republicano Pat Toomey perguntou se Powell vê uma ligação entre os preços elevados dos ativos e a política monetária frouxa do Fed. 

“Certamente há uma ligação”, disse Powell. “Eu diria, porém, que se você olhar o que os mercados estão vendo, é a reabertura da economia com a vacinação, são os estímulos fiscais, é a política monetária altamente acomodatícia, é a poupança acumulada nos balanços das famílias, é a expectativa de lucros corporativos muito mais altos. Então, são vários fatores contribuindo.” 

https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/02/23/eua-permanecem-bem-longe-das-metas-de-emprego-e-inflacao-do-fed-diz-powell.ghtml

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