Em San Francisco, um táxi sem motorista

A Cruise, a divisão de carros autônomos da General Motors, abriu para o público seu serviço de táxis robotizados em San Francisco, um passo que lhe assegurou outro investimento de US$ 1,35 bilhão do SoftBank Vision Fund. 

A Cruise, sediada em San Francisco desde sua fundação, há sete anos, opera veículos autônomos na cidade há vários meses, mas apenas para seus funcionários. Na terça- feira, Kyle Vogt, cofundador e CEO interino, disse que estava “abrindo nossos carros sem motorista em San Francisco para o público”. 

Mas há ressalvas: a Cruise ainda não tem permissão para cobrar corridas de clientes, por enquanto seu serviço só funcionará das 23 horas às 5 horas, e sua “área de operações” estará limitada ao quadrante noroeste da cidade, que inclui Nob Hill, Sunset, Richmond e os arredores do Golden Gate Park. Além disso, por várias semanas, pelo menos, apenas um grupo selecionado de parentes e amigos dos funcionários e de candidatos indicados pela Cruise estarão autorizados a fazer corridas. 

Mesmo assim, a iniciativa põe a empresa de US$ 30 bilhões à frente da Waymo, o grupo de veículos autônomos da Alphabet que foi lançado há mais de uma década, para iniciar um serviço de transporte de passageiros com carros autônomos em uma grande cidade dos EUA. A Waymo opera esse tipo de serviço nos subúrbios de Phoenix há mais de dois anos, mas a área tem clima ensolarado e ruas largas. San Francisco é mais densa e complicada. Segundo a Cruise, sua aposta é de que o modelo de começar por cidades mais complicadas lhe permitirá “se projetar para outros mercados mais rapidamente”. 

O anúncio levou à liberação de recursos adicionais do SoftBank, que já investira US$ 900 milhões na Cruise em 2018. Na época, o fundo acertou que daria mais US$ 1,35 bilhão quando a Cruise começasse a operar carros 100% autônomos – meta que a empresa esperava cumprir no verão de 2019. 

Mary Barra, CEO da GM, fez uma viagem recentemente em um veículo autônomo da Cruise em San Francisco. Classificou a experiência de “surreal” e “um ponto alto” na sua carreira de engenheira. 

É difícil dizer que empresa está à frente na corrida pela autonomia total, pois a tecnologia é proprietária, os modelos de negócios são distintos e normalmente operam em jurisdições diferentes. A Waymo diz que continua a ser a única que oferece um serviço de carros 100% autônomos 24 horas por dia, 7 dias por semana, a qualquer um. 

Rod Lache, da Wolfe Research, escreveu há pouco tempo que os líderes em centros urbanos complexos e densos incluem Cruise, Argo, Motional, Mobileye e possivelmente Waymo, “embora o progresso da Waymo pareça ter estagnado, enquanto o desempenho da Cruise e da Argo parece avançar rapidamente”. A Wolfe estima em US$ 8 trilhões o mercado potencial total para transporte de passageiros com carros autônomos. Ela também prevê que apenas quatro ou cinco empresas conseguirão estar posicionadas para competir. 

A Tesla continua a ser uma incógnita, com uma abordagem sobre autonomia veicular completamente diferente da dos grupos de táxis-robôs. A empresa de veículos elétricos não tem intenção de operar um serviço próprio de transporte de passageiros, mas tem um plano no qual os proprietários poderiam alugar seus Teslas para uma rede nacional de carros autônomos. Em 2019, Elon Musk, chefe da Tesla, disse que a empresa operaria 1 milhão de táxis robôs até o fim de 2020. Até agora, ela não tem nenhum. Mas Musk afirmou na semana passada que sua tecnologia “de autonomia total” seria “resolvida” este ano. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/02/02/em-san-francisco-um-taxi-sem-motorista.ghtml

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