Empresas chinesas de internet excluíram o navegador on-line do Alibaba de suas lojas virtuais de aplicativos um dia depois de o presidente do país, Xi Jinping, ter advertido que a ofensiva fiscalizadora de Pequim sobre os grandes grupos chineses de tecnologia está apenas no começo.
A decisão de remover das lojas o popular UC Browser representa mais um golpe para o império de Jack Ma, o mais famoso empreendedor da China, que já fora atingido pela decisão das autoridades reguladoras do país de cancelar, de surpresa, a oferta pública inicial de ações recorde de US$ 37 bilhões do Ant Group, a afiliada de tecnologia de serviços financeiros do Alibaba. Jack Ma mal tem sido visto em público desde que a transação foi frustrada em novembro, em meio ao empenho de Xi para reforçar o controle de Pequim sobre a economia.
A decisão sobre a oferta inicial veio um dia depois de uma reunião da liderança do Partido Comunista da China, presidido por Xi, ter emitido um alerta atipicamente incisivo contra o crescente tamanho e poder de influência do setor de tecnologia do país.
As autoridades reguladoras vão “intensificar” os esforços para melhorar a regulamentação sobre as grandes empresas de internet da China, acrescentaram as minutas.
O grupo de comércio eletrônico Alibaba, que intermedeia cerca de 10% de todas as vendas varejistas no país, tem sido alvo preferencial da ofensiva fiscalizadora.
O Alibaba também é dono do “South China Morning Post”, um jornal em inglês com sede em Hong Kong.
O “The Wall Street Journal” noticiou primeiro que Pequim solicitara ao Alibaba a venda de ativos de mídia.
O órgão regulador do mercado financeiro chinês também concluiu a elaboração de regras sobre comércio on-line que proibirão acordos de exclusividade, nos quais empresas de comerciantes podem vender suas mercadorias apenas em determinada plataforma de comércio eletrônico e não nas rivais, uma prática no cerne de uma investigação antitruste sobre o Alibaba. As leis entrarão em vigor em maio e proibirão
O Partido Comunista mostra-se particularmente preocupado com os investimentos do grupo de mídia e com sua capacidade para influenciar a opinião pública. Dirigentes têm discutido a possibilidade de obrigar o Alibaba a vender parte de suas participações em empresas de mídia as plataformas de comércio eletrônico de penalizar os comerciantes por vender em outros sites.
A iniciativa contra o UC Browser chega depois de um programa na emissora estatal CCTV ter direcionado suas miras contra o setor de tecnologia no dia do direito do consumidor da China, um evento anual no qual o canal investiga supostas más condutas e as revela em horário nobre.
O programa deste ano incluiu um segmento sobre publicidade médica enganosa na internet. chineses, mais conhecidos da população. A prática remete os possíveis pacientes a sites dos hospitais privados, em vez de aos dos hospitais que realmente pretendem visitar.
A maioria das lojas de aplicativos Android na China, incluindo as operadas por grupos de tecnologia chineses, como Huawei, Xiaomi e Tencent, removeu o navegador ou impediu que fosse baixado.
Ter um aplicativo vetado por certo período é uma punição comum na China para empresas que o governo considera terem violado regras.
Foi mostrado que o UC Browser permite a hospitais privados pagar para que seus nomes apareçam em buscas de palavras-chave de grandes hospitais públicos
A UCWeb, unidade do Alibaba que administra o navegador, desculpou-se pelos anúncios ilegais e prometeu fortalecer a autofiscalização do aplicativo.