Em momento delicado, Netflix demite 150 funcionários nos EUA

A Netflix tem sentido o peso do relatório financeiro ruim, registrado nos três primeiros meses de 2022. Após demitir funcionários do Tudum, site de conteúdos sobre séries da empresa, a companhia confirmou o corte de 150 pessoas nesta terça-feira, 17. A informação foi revelada pelo site americano Deadline

De acordo com o site, os funcionários receberam o comunicado para deixar seus cargos, frente a crise que a empresa está enfrentando. Pela primeira vez em mais de uma década, o serviço de streaming perdeu usuários e registrou números fracos no balanço financeiro. 

No total, a empresa registrou uma queda de 200 mil assinantes na plataforma, número que reflete a suspensão do serviço de streaming na Rússia, por conta da guerra, e a competição de mercado com outros serviços, como Disney+, por exemplo.

“Como explicamos, nosso crescimento de receita mais lento significa que também estamos tendo que diminuir nosso crescimento de custos como empresa. Infelizmente, estamos demitindo cerca de 150 funcionários hoje, a maioria dos EUA”, disse um porta-voz da Netflix em comunicado ao Deadline. “Essas mudanças são impulsionadas principalmente pelas necessidades de negócios e não pelo desempenho individual, o que as torna especialmente difíceis, pois nenhum de nós quer dizer adeus a esses grandes colegas. Estamos trabalhando duro para apoiá-los nessa transição muito difícil”.

Os cortes também podem ter afetado funcionários de outros países, afirmou o Deadline. Em contato com a reportagem, a Netflix ainda não informou se algum colaborador no Brasil foi demitido. Nos EUA, as demissões representam cerca de 2% da força de trabalho da empresa no país. 

Ainda, várias áreas teriam sido atingidas, como criação, séries e filmes. Os níveis dos cargos também foi sortido: desde assistentes até diretores de divisões, como conteúdo — uma parte grande e importante na empresa — tiveram cortes nesta semana. 

Nos dias seguintes ao balanço financeiro, a queda das ações da Netflix na Bolsa de Valores americana representou mais de um terço da sua avaliação. Foi o maior declínio das ações da empresa em quase duas décadas. 

Estratégias

Com as ações despencando, a Netflix deve ampliar as opções de planos de assinatura para usuários nos próximos meses, afirmou o presidente da gigante do streaming, Reed Hastings, em conferência com investidores nesta terça-feira, 19. Segundo o executivo, os modelos devem ser de menor custo e baseados em anúncios pagos, em formato similar ao que fazem canais de televisão tradicionais.

“Aqueles que acompanham a Netflix sabem que sou contra a complexidade da publicidade e um grande fã da simplicidade das assinaturas”, declarou Hastings, também fundador da gigante junto com Ted Sarandos. “Mas sou mais fã ainda da escolha do consumidor. Faz muito sentido permitir aos clientes que eles escolham um modelo mais barato, se eles são tolerantes a anúncios.”

Segundo a companhia, os planos devem ser apresentados ao mercado em um ou dois anos, representando uma “animadora oportunidade para nós”. A Netflix garante que será a responsável por publicar os anúncios, e não usar serviços de terceiros, que podem comprometer a privacidade dos usuários.

Outra alternativa para a empresa pode ser ceder ao movimento de transmissão ao vivo. A Netflix recusou a possibilidade de ter um streaming em tempo real no ano passado, quando passou a ter uma divisão de jogos para celular. Agora, a proposta pode ser reconsiderada frente aos concorrentes diretos que já oferecem o serviço.

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