McDonald’s e Renault anunciam saída definitiva da Rússia

O grupo americano de fast food McDonald’s, que fechou seus estabelecimentos na Rússia no início de março, anunciou nesta segunda-feira (16) que vai abandonar o país definitivamente e venderá todas as suas operações. A decisão é uma reação à invasão na Ucrânia.

A francesa Renault também confirmou nesta segunda que vendeu seus ativos no país para o Estado russo, na primeira nacionalização significativa desde a ofensiva de Moscou na Ucrânia.

“Estamos comprometidos com nossa comunidade mundial e devemos permanecer inflexíveis em nossos valores”, afirmou o executivo do grupo, Chris Kempczinski, em um comunicado da empresa.

“Respeitar nossos valores significa que não podemos manter o McDonald’s na Rússia”, acrescentou.

A empresa anunciou o fechamento temporário de todos os seus estabelecimentos e a suspensão de suas operações no país em 8 de março, seguindo os passos de outras multinacionais que tomaram distância de Moscou.

Presente no país há mais de 30 anos, o McDonald’s tem 850 restaurantes e 62 mil funcionários. A Rússia representava, até então, 9% do faturamento total da empresa e 3% de seu lucro operacional.

A companhia possui cerca de 84% das quase 850 lojas McDonald’s que operam na Rússia e terá uma despesa contábil de até 1,4 bilhão de dólares com a decisão.

Em março, quando decidiu pelo fechamento inicial, a rede deixou de abrir, inclusive o icônico ponto da Praça Pushkin, no centro de Moscou.

Embora a maioria dos pontos do McDonald’s na Rússia esteja fechada, algumas lojas franqueadas permaneceram abertas. De sua receita em 2021, cerca de 9%, ou US$ 2 bilhões, foram na Rússia e Ucrânia.

O McDonald’s disse que garantirá que seus 62 mil funcionários na Rússia continuem sendo pagos até o fechamento de qualquer transação e que tenham empregos futuros com qualquer comprador em potencial.

Em um comunicado, a Renault disse que cedeu sua participação majoritária (67,69%) na AvtoVAZ, o maior fabricante de automóveis Lada na Rússia, para o Instituto Russo de Pesquisa e Desenvolvimento de Automóveis e Motores.

Graças à AvtoVAZ, a Rússia foi, no ano passado, o segundo maior mercado do Grupo Renault, atrás da Europa, com cerca de meio milhão de veículos vendidos.

Detalhes financeiros não foram divulgados, mas o ministro russo da Indústria e Comércio, Denis Manturov, disse em abril que a Renault planejava vender seus ativos russos por “um rublo simbólico”.

“Foram assinados acordos sobre a transferência dos ativos russos do Grupo Renault para a Federação Russa e para o governo de Moscou”, afirmou o ministério em um comunicado.

O grupo automobilístico francês também cedeu para a cidade de Moscou as operações da Renault na Rússia, incluindo a fábrica perto da capital que produzia os veículos dessa marca e da Nissan. O prefeito Sergei Sobyanin anunciou que a fábrica vai relançar a marca soviética Moskvich.

A direção da Renault já havia anunciado que iria incluir em suas contas do primeiro semestre um encargo de 2,2 bilhões de euros (cerca de R$ 11,6 bilhões) como resultado dessa venda.

Em 2008, a Renault tinha se comprometido com a Avtovaz para se tornar acionista majoritária em 2014, sob a direção de Carlos Ghosn.

Depois de fortes investimentos e da transferência de tecnologia para a Dacia, marca de baixo custo da Renault, a Avtovaz começou a dar lucro.

Acordos feitos nesta segunda-feira mantêm a possibilidade de que a Renault volte a adquirir a filial russa por seis anos.

“Hoje tomamos uma decisão difícil, mas necessária, e estamos fazendo uma escolha responsável para com nossos 45 mil funcionários na Rússia, preservando, ao mesmo tempo, o rendimento do Grupo e nossa capacidade de voltar ao país no futuro, em um contexto diferente”, afirmou o CEO da Renault, Luca de Meo, em um comunicado de imprensa.

A Avtovaz produz veículos em sua gigantesca fábrica de Togliatti (sudoeste), que emprega 35 mil pessoas.

Com o conflito na Ucrânia, o mercado russo entrou em colapso, e as fábricas do grupo passaram a operar com capacidade reduzida, parando de funcionar em alguns casos, devido à escassez de componentes pela imposição de sanções ocidentais ao país.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/05/mcdonalds-e-renault-anunciam-saida-definitiva-da-russia.shtml

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