A Dinamarca pretende doar 20 milhões de euros (mais de R$ 105 milhões na cotação atual) para o Fundo Amazônia, no primeiro aporte do país europeu ao mecanismo.
O anúncio foi feito pelo ministro dinamarquês para a Cooperação para o Desenvolvimento e a Política Climática Global, Dan Jørgensen. Após reunião com a ministra Marina Silva nesta terça-feira (29), foi assinada uma declaração conjunta entre os países.
Ele cumpre agenda em Belém e em Brasília, com reuniões no Ministério das Relações Exteriores, de Minas e Energia e do Meio Ambiente, para tratar da cooperação entre os países para desenvolvimento de energia limpa e transição energética.
“Podemos dizer que há uma combinação de dois novos governos, o brasileiro e o dinamarquês”, disse Dan à Folha de S.Paulo sobre a decisão de doar o montante neste momento.
Segundo ele, o valor ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento dinamarquês para ser liberado, o que acredita que deve acontecer em poucos meses, já que a gestão da primeira-minist ra Mette Frederiksen tem maioria.
Desde que o fundo voltou a funcionar, com o governo Lula, novos aportes foram anunciados, como o da União Europeia, de R$ 108 milhões, do Reino Unido, de R$ 500 milhões, e dos Estados Unidos, de R$ 2,5 bilhões.
A expectativa por uma doação dinamarquesa já existia desde julho. Durante visita na Europa, Lula se reuniu com a primeira-ministra Frederiksen, em Bruxelas (Bélgica), mas não foi feito nenhum anúncio após o encontro, frustrando os negociadores.
O anúncio feito agora, disse Dan, é o reconhecimento dos “esforços ambiciosos” de Lula nas negociações climáticas internacionais e uma forma de estreitar os laços entre os dois países.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que a doação dinamarquesa “ajudaria a financiar projetos e iniciativas que contribuam para a redução do desmatamento, a proteção da biodiversidade, a melhoria das condições de vida das comunidades locais e a promoção do desenvolvimento sustentável no Brasil”.
Dan defende o empenho em três pontos para o combate às mudanças climáticas na Amazônia: impedir o desmatamento, preservar a biodiversidade e garantir os direitos das comunidades indígenas e locais.
“O governo brasileiro saberá melhor que ninguém como empenhar este dinheiro. Como doadores, queremos dar nossa contribuição e nossa opinião, mas entendemos que é legítimo que o governo brasileiro tenha a palavra final”, disse.
O ministro afirmou ainda que, em sua visita ao Brasil, quer ampliar a cooperação entre os dois países no desenvolvimento de práticas sustentáveis, sobretudo a longo prazo e com foco nas energias renováveis.
Segundo ele, apesar de já existir uma parceria entre os países nesse sentido, ela ainda não é tão “ambiciosa” quanto seu governo deseja.
Dan conta que a Dinamarca começou a fazer sua transição energética ainda na década de 1970, quando o aquecimento global não era uma pauta, para poder conquistar independência energética em relação às fontes de outros países. offshores”, afirmou.
Ele disse que o país pretende intensificar o intercâmbio de especialistas em energia renovável com o Brasil, especialmente no uso do vento como fonte.
“Temos expertise com vento e outras fontes renováveis, mas também em como fazer um planejamento energético eficiente. É muito comum ouvir que países enfrentam dificuldades em integrar essas fontes renováveis em seu sistema de energia. É algo complicado, mas na Dinamarca estamos neste processo há décadas e descobrimos formas de fazer isso”, disse.
“Já fizemos colaborações semelhantes com Estados Unidos, China e Índia, por exemplo. Muitos países estão passando pela mesma transformação”, completou.