Cresce preocupação com impacto do vírus nos Jogos Olímpicos de Tóquio

A epidemia causada pelo novo coronavírus tem causado uma série de preocupações para o Comitê Olímpico Internacional, que coordena a realização da Olimpíada de Tóquio de 2020. 

A capital japonesa fica a mais de 2,5 mil quilômetros de Wuhan – o epicentro da crise – e o evento está marcado para entre 24 de junho e 9 de agosto. Mas apesar da distância e do tempo, a epidemia já causou mudanças e cancelamentos em várias disputas pré-olímpicas. Além disso, são crescentes os temores do setor de turismo de que a tensão afete a venda de pacotes antecipados para os Jogos. 

Todas as atividades esportivas na China já estão suspensas há três semanas. No futebol feminino, partidas do grupo B no pré-olímpico foram alteradas duas vezes. Previstas inicialmente para ocorrer em Wuhan, elas foram realocadas para a cidade de Waijing, também na China. No entanto, foram remarcadas para Sydney, na Austrália, após a Associação de Futebol da China desistir de promover o torneio. Na quarta-feira, o time chinês que viajou para a Austrália foi posto em quarentena ao chegar a um hotel de Brisbane. 

Na semana passada, o pré-olímpico de Boxe que estava marcado para ocorrer justamente em Wuhan no início de fevereiro foi transferido para Amã, na Jordânia, e adiado para março. 

Já a Federação Internacional de Basquete (Fiba), que realizaria uma das etapas do pré-olímpico feminino na cidade chinesa de Foshan, a cerca de mil quilômetros de Wuhan, mudou o evento para Belgrado, na Sérvia. 

A Federação Internacional de Wrestling estuda alterar o local de realização do pré- olímpico da Ásia, que está marcado para ocorrer na cidade chinesa de Xi’na entre 27 e 29 de março. 

Até mesmo eventos classificatórios para as Olimpíadas de Inverno de 2022, em Pequim, foram afetados. A Federação Internacional de Ski cancelou o primeiro- evento teste, que ocorreria na capital chinesa entre os dias 15 e 16 de fevereiro. 

“O Comitê Tóquio 2020 continuará a colaborar com todas as organizações. Adicionalmente, o COI está em contato com a Organização Mundial de Saúde, assim como os próprios especialistas médicos, para orientar suas decisões ”, declarou, em nota, a organização do evento no Japão. 

“Medidas contra doenças infecciosas são parte importante do plano de Tóquio 2020 para a realização de jogos seguros”, informou oficialmente o COI, por meio de nota e sem dar mais detalhes, ao ser questionado pela agência de notícias russa Itar-Tass sobre a viabilidade dos jogos diante do surto. 

Não é a primeira vez que o temor de epidemias põe em risco eventos promovidos pelo COI. A entidade chegou a cogitar a suspensão da Olimpíada do Rio, em 2016, em razão do surto de vírus zika – cuja frequência de transmissão era menor do que a do coronavírus. Antes, os Jogos de Inverno de 2010 em Vancouver foram ofuscados pela pandemia da gripe suína H1N1. Há dois anos, dezenas ficaram doentes em um surto de norovírus antes dos Jogos de Inverno de Pyeongchang, na Coréia do Sul. 

Além das alterações relacionadas aos Jogos Olímpicos, a epidemia modificou também o calendário do futebol da China, cujo campeonato nacional foi suspenso por tempo indeterminado. 

Dois eventos promovidos pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) também estão em risco: a corrida da série Fórmula-E, marcado para 21 de março, em Sanya (a 500 quilômetros de Wuhan), e o Grande Prêmio da China de F-1, 

programado para 21 de abril, em Xangai (a 800 quilômetros de Wuhan). Dirigentes da entidade dizem estar acompanhando a situação e devem anunciar uma decisão nos próximos dias. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/01/31/cresce-preocupacao-com-o-impacto-do-virus-nos-jogos-olimpicos-de-toquio.ghtml

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