Celular caminha para o pior ano em uma década

O volume de celulares vendidos no mundo deve somar 1,15 bilhão de unidades até o fim de 2023, queda de 6% ante 2022. Se as vendas do novo iPhone, da Apple, não derem fôlego ao mercado no fim do ano, o resultado do setor pode ser o pior dos últimos dez anos, projeta a consultoria Counterpoint Research, em relatório preliminar divulgado nesta quinta-feira (17). 

mercado da Ásia é considerado um dos principais obstáculos para o crescimento do setor, apontam especialistas da consultoria sedida em Hong Kong. Os motivos são a lenta recuperação econômica da China após a pandemia da covid-19 e quedas de vendas cada vez maiores nos mercados emergentes asiáticos. 

As vendas na América do Norte também são uma grande barreira para a recuperação global das vendas, após um primeiro semestre com queda de dois dígitos percentuais ante igual período de 2022, um resultado considerado “decepcionante” pelos analistas da Counterpoint. 

Mais tempo sem trocar 

Nos Estados Unidos, apesar da força no mercado de trabalho e da queda da inflação, “houve uma 

dissociação entre o que está acontecendo na economia e os consumidores que compram celulares”, disse Jeff Fieldhack, diretor de pesquisa da Counterpoint para a América do Norte. 

Entre as operadoras de telefonia móvel dos EUA, segundo o especialista, a baixa frequência de troca de aparelhos chegou a um nível recorde. 

Queda no Brasil 

No Brasil, as vendas de celulares no varejo ao consumidor (incluindo modelos 3G, 4G e 5G) somaram cerca de 14 milhões de unidades, no primeiro semestre, queda de 12,5% ante a primeira metade de 2022, segundo dados da consultoria GfK.

No primeiro trimestre, as vendas dos fabricantes de aparelhos no Brasil somaram 9,94 milhões de unidades, queda de 11,1% em relação ao primeiro trimestre de 2022, segundo os dados mais recentes da consultoria IDC Brasil.

Fôlego no quarto trimestre 

“O lançamento do iPhone 15 é uma janela para as operadoras captarem clientes de alto valor”, disse o diretor de análises. Segundo ele, as promoções do novo aparelho devem ser agressivas para incentivar a migração de uma base instalada grande de usuários do iPhone 12, modelo lançado em outubro de 2020. 

A Counterpoint destaca o avanço na demanda por aparelhos de linhas chamadas “premium” e “ultra-premium”, como uma tendência favorável à Apple, cujo portfólio se concentra em celulares mais caros, com preços a partir de R$ 4,3 mil. 

Apple na China 

No mercado chinês, “a Apple está bem posicionada, pois o segmento premium continua ganhando mais participação”, comentou Ethan Qi, diretor associado da Counterpoint na China. 

Neste cenário, segundo os especialistas, a Apple teria a chance de liderar o mercado global de celulares neste ano, pela primeira vez, tomando o lugar da rival Samsung. Isso, conforme ponderou Fieldhack, se a fabricante do iPhone não enfrentar novos problemas de produção como aconteceu no ano passado com atrasos no fornecimento da China, o que fez a empresa diversificar a manufatura de aparelhos na Índia. 

A Apple pediu que seus fornecedores produzam cerca de 85 milhões de unidades do iPhone 15 este ano, em linha com o ano anterior, informaram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg, em julho. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/17/venda-de-celulares-no-mundo-deve-cair-6percent-em-2023-pior-resultado-da-decada-diz-estudo.ghtml

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