A Microsoft quer reativar uma usina nuclear nos Estados Unidos para garantir eletricidade aos seus data centers.
Three Mile Island, na Pensilvânia, está desligada desde 2009 e receberá investimentos de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,09 bilhões) da Constellation Energy, com quem a big tech tem contrato de 20 anos.
O reator, com capacidade de 835 megawatts, deve voltar a funcionar em 2028.
Por que importa: os data centers sempre demandaram grandes volumes de energia, mas a popularização da inteligência artificial e dos serviços de nuvem fez o consumo disparar.
Data centers usam 4% da eletricidade nos Estados Unidos, mas o patamar pode alcançar 9% até 2030, segundo o Electric Power Research Institute.
A Agência Internacional de Energia diz que, até 2026, eles poderão consumir mais de 1.000 terawatt-hora de eletricidade no mundo.
O patamar é mais do que o dobro dos níveis de 2022 e equivalente ao uso total de energia pelo Japão.
Pesquisar algo no Google consome cerca de 0,3 watt-hora, enquanto uma consulta usando o ChatGPT, requer 2,9 watt-hora.
Aval dos chefões. Sam Altman, CEO da OpenAI e um dos criadores do ChatGPT, e Bill Gates, cofundador da Microsoft, são defensores da energia nuclear para garantir a ampliação da oferta de eletricidade.
Altman preside o conselho da startup de energia nuclear Oklo, enquanto a TerraPower, cofundada por Gates, iniciou a construção de uma instalação nuclear em junho.
A reativação do reator 2 de Three Mile Island seria a primeira feita nos EUA após um desligamento.
O reator 1 da usina sofreu um acidente no fim dos anos 70 e, desde então, está desativado. Ele não será religado.
Em busca do selo verde. O aumento da demanda de energia pelos data centers é um desafio para as big techs, que têm compromissos para alcançar emissões zero de carbono.
O Google divulgou recentemente que suas emissões aumentaram 50% desde 2019 devido à ampliação dos data centers.
Em maio, a Microsoft fez anúncio semelhante, afirmando que suas emissões aumentaram 33%.
Antes da aposta em energia nuclear, a Microsoft anunciou investimento na compra de energia eólica e solar.
A empresa também lançará um fundo em parceria com a gestora BlackRock de mais de US$ 30 bilhões para fortalecer a infraestrutura de inteligência artificial.
A proposta de Mark Zuckerberg. O Facebook, outra empresa com grandes investimentos em inteligência artificial, prevê que a solução será a energia geotérmica. A energia usa o calor do subsolo, principalmente de áreas com atividade vulcânica.
Em agosto, a Meta, dona do Facebook, anunciou um acordo com a startup Sage Geosystems para gerar até 150 MW (megawatts) a partir de uma nova tecnologia.