Amazon cria concurso para estimular acessibilidade para Alexa

Serviços de voz com inteligência artificial também têm o potencial de ajudar a incluir digitalmente pessoas com deficiência, além de abrir caminho para a prestação de serviços por empresas. De acordo com o último censo demográfico de 2010 do IBGE, mais de 45 milhões de brasileiros têm alguma deficiência visual, motora, auditiva ou intelectual. 

A experiência de navegação na internet pelos brasileiros com deficiência, por outro lado, ainda é frustrante. Entre 14,6 milhões de sites avaliados no país, em abril deste ano, somente 0,74% passaram em todos os quesitos de acessibilidade, segundo análise do Movimento Web para Todos e da BigData Corp.. 

Ao analisar comentários e opiniões de pessoas com deficiência que usam a assistente Alexa, em casa ou no smartphone, a Amazon decidiu criar um concurso para estimular a criação de funções de acessibilidade entre desenvolvedores e empresas, em um projeto 100% brasileiro. 

“Desde o lançamento da Alexa, em outubro do ano passado, recebemos diversos comentários de clientes falando sobre o quanto a Alexa tinha ajudado a vida deles e vimos que muitos era deficientes”, afirma Thais Cunha, gerente de marketing para Alexa na Amazon. 

A criação do Prêmio Alexa de Acessibilidade conta com o apoio das entidades AACD, Fundação Dorina Nowill para Cegos e Instituto Jô Clemente. “Colhemos vários depoimentos de pessoas atendidas por essas instituições para entender um pouco dos desafios que enfrentam e como poderiam usar a tecnologia para melhorar o dia a dia”, acrescenta. 

As aplicações não se restringem aos dispositivos vendidos para casa, como o Echo Dot, que hoje custa R$ 349. “O objetivo principal do projeto é gerar inclusão”, observa Thais. “Podemos ter, por exemplo, a Alexa avisando o deficiente visual pelo smartphone que seu ônibus chegou ao ponto.” 

A Amazon também vai engajar grandes empresas e marcas, que já vêm abrindo canais de prestação de serviços e relacionamento com o público pelo serviço de voz. Hoje a Alexa conta com cerca de mil funcionalidades disponíveis em sua loja de aplicativos do Brasil, incluindo serviços de empresas como Natura, Nestlé, Danone, Uber, Spotify, iFood entre outras. 

“A interface por voz traz uma possibilidade enorme de inclusão e aproxima outra gama de brasileiros do ambiente digital, incluindo deficientes”, afirma Luciano Abrantes, diretor de tecnologia da Natura. A empresa lançou trilhas de meditação guiada na chegada da Alexa ao Brasil e o serviço também está disponível no Google Assistente. 

Em junho, por conta da pandemia, a Natura traduziu as trilhas para inglês e espanhol e conseguiu alcançar usuários na Ásia e na África onde a marca não está presente. O próximo passo é usar a interface de voz para expandir o relacionamento com as consultoras da marca, até o fim do ano. “É algo em que vamos apostar muito, seja para meditação ou para dar mais empoderamento digital às consultoras”, afirma. 

A Nestlé apostou em três frentes de interação na plataforma de voz da Amazon. A aplicação “Baby and Me” informa futuros pais sobre o desenvolvimento do bebê e ajuda na escolha do nome da criança e a “Ninho Rotinas” inclui receitas saudáveis e atividades para o desenvolvimento cognitivo das crianças. “A família vai dialogando com o dispositivo e ele vira um assistente na rotina das crianças”, diz Bruno Oliveira, líder de inovação e novos negócios da Nestlé. Já a funcionalidade “Meu Café” tem como alvo os apreciadores da bebida, incluindo informações sobre origens do café e técnicas de preparo. 

 “Esse tipo de tecnologia tem um potencial muito grande de aumentar a disponibilidade da marca ao cliente e torná-la acessível”, avalia Oliveira. 

O centro de pesquisa e desenvolvimento Instituto Eldorado começou a trabalhar com a interface de voz da Amazon há três anos. Em novembro de 2019, criou um serviço para a Danone, com dados sobre a linha nutricional da empresa a profissionais como endocrinologistas e nutricionistas. Outro projeto, lançado em abril, é um serviço do Hospital Albert Einstein para tirar dúvidas sobre a covid-19. “A Alexa explica os sintomas e dá informações para evitar as fake news sobre o tema”, conta Diego de Castro, líder de projetos do instituto. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/08/26/servico-de-voz-impulsiona-inclusao-e-atrai-marcas.ghtml

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