A União Europeia (UE) disse que usará uma ampla gama de opções para retaliar os EUA se o presidente Donald Trump cumprir sua ameaça de impor as chamadas tarifas recíprocas ao bloco.
“Não queremos necessariamente retaliar”, disse nesta terça-feira (01) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Se necessário, temos um plano forte para retaliar e o usaremos.”
Nas negociações com representantes europeus em Washington nas últimas semanas, o governo Trump tem destacado as regras da UE que considera como barreiras não tarifárias, como impostos digitais, requisitos ambientais ou o imposto sobre valor agregado (IVA). A UE diz que seu IVA é um imposto justo e não discriminatório que se aplica igualmente a bens nacionais e importados.
A França e outros países do bloco pediram à Comissão Europeia — o braço executivo da UE — que considere lançar mão do instrumento anticoerção do bloco, uma ferramenta projetada para revidar contra nações que usam medidas comerciais e econômicas de forma coercitiva. Tal movimento pode levar a restrições ao comércio e serviços, bem como a certos direitos de propriedade intelectual, investimento estrangeiro direto e acesso a compras públicas.
Von der Leyen disse que o objetivo é alcançar uma “solução negociada” com os EUA assim que as novas tarifas forem anunciadas. Espera-se que elas entrem em vigor paralelamente a sobretaxas de 25% sobre todos os carros comprados pelos EUA e taxas de 25% sobre importações de aço e alumínio de parceiros globais. A UE está preparando contramedidas sobre até 26 bilhões de euros em produtos dos EUA em retaliação a tarifas de metais.
Von der Leyen mencionou que a força da Europa não está apenas no comércio, mas também na tecnologia, atingindo a relevância dos negócios europeus para grandes empresas de tecnologia dos EUA que a UE poderia atingir como parte das medidas retaliatórias. A comissão poderia usar vários instrumentos legais para restringir o acesso a contratos governamentais ou vendas de publicidade digital em um mercado que vale cerca de 100 bilhões de euros.
“A Europa tem muitas cartas”, disse von der Leyen. “Do comércio à tecnologia e ao tamanho do nosso mercado. Mas essa força também é construída em nossa prontidão para tomar contramedidas firmes.
