O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que pode deixar “passar um pouquinho” o prazo de 1o de março para acertar um acordo comercial com a China, mas preferiria não ter de fazê-lo e espera reunir-se com o presidente chinês, Xi Jinping, em algum momento para fechar o acordo.
O principal negociador de Trump e o secretário do Tesouro chegaram a Pequim ontem para negociações de alto nível nesta semana. As duas maiores economias globais tentam chegar a um acordo para proteger segredos comerciais americanos e evitar outra escalada de tarifas sobre produtos chineses a partir de 1o de março.
Trump disse que, se os negociadores estiverem perto de um acordo, ele pode adiar o prazo. “Estamos indo muito bem na China”, relatou a jornalistas. “Se estivermos perto de um acordo que acreditamos que possa ser real e vá acontecer, eu poderia me ver deixando esse prazo passar um pouquinho”, afirmou. “Mas, falando de forma geral, não me sinto inclinado a fazer isso.” Assessores já tinham classificado a data de 1o de março como “prazo rígido” para o acordo.
Os comentários de Trump sobre as negociações comerciais com a China ajudaram a alimentar uma ampla recuperação do mercado de ações americano, junto com as declarações do presidente de que não esperava outro fechamento do governo, apesar de não estar “feliz” com o acordo preliminar do Congresso para o financiamento da segurança de fronteira. O índice S&P 500 subiu 1,29% ontem, no seu melhor dia desde 30 de janeiro.
Se os EUA e a China não conseguirem chegar a um acordo até 1o de março, as tarifas americanas sobre importações chinesas no valor de US$ 200 bilhões devem aumentar para 25%, dos 10% atuais. A China provavelmente responderia com um aumento das tarifas sobre bens americanos no valor de US$ 60 bilhões, como retaliação. Também é provável que as compras chinesas de soja americana, retomadas recentemente, seriam interrompidas.
O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, chegaram a Pequim ontem, e as negociações com o vice-premiê Liu He, principal assessor econômico do presidente Xi Jinping, estão marcadas para quinta e sexta-feiras. “Temos a expectativa de vários dias de negociações importantes”, disse Mnuchin a jornalistas depois de chegar ao hotel em Pequim.
Lighthizer, que chegara ao hotel algumas horas antes, não respondeu às perguntas da imprensa.
Washington deverá continuar a pressionar Pequim em torno de exigências de longa data de que o governo chinês promova reformas estruturais radicais para proteger a propriedade intelectual das empresas americanas, ponha fim a políticas destinadas a obrigar a realização de transferências de tecnologia para empresas chinesas e reduza os subsídios à sua indústria.
A mais recente rodada de negociações em Pequim teve início na segunda-feira com discussões entre autoridades de segundo escalão, a fim de tentar solucionar detalhes técnicos, entre os quais um mecanismo para fiscalizar o cumprimento de qualquer acordo comercial. Uma rodada de conversações no fim de janeiro terminou com notícias de algum progresso – mas sem acordo e com declarações dos EUA de que haveria muito mais por fazer.
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