Tô podendo: sou ‘de menor’

Por Mario Rene
Professor ESPM

Como publicamos no Blog anterior, estive na Índia agora em Janeiro, junto a um grupo de professores aqui da ESPM.
A Índia é um dos BRICS, apesar de constatarmos uma pobreza de dimensões gigantescas.
Pobreza, não. Miséria.
Miséria. Miséria. Miséria.
Há ricos? Sim, sem dúvida… e bem ricos. Que o império do Grupo Tata não me desminta.
Portanto, há desigualdade social.
Porém, óhhhh defensores dos inocentes e ‘ingênuos’ assassinos ‘de menor’, lá na Índia quase não há violência contra o cidadão – exceção aos estupros (!!!…), frutos de uma sociedade machista.
E ao perguntamos o porquê da ‘não-violência’, a resposta foi curta e simples: medo da polícia e da punição que certamente virá.
Podemos transpor o quadro indiano a dezenas de outras sociedades.
É claro que a desigualdade social é injusta, e pode ser motor de violência, seja de menores traficantes de nove anos de idade lá no Rio de Janeiro, seja de pessoas adultas.
Bem… Ou melhor, mal: o que fazer enquanto persiste a desigualdade? Que ela deva ser corrigida ou minimizada, ninguém discorda. Mas o que fazer enquanto isso? Deixar delinquentes à solta, capazes de assassinar alguém que não reage?
“Eu sempre falava para ele não reagir, porque a vida não vale um celular ou um carro. Ele não reagiu, mas foi morto. Estou estraçalhada por dentro” (Depoimento da mãe do adolescente assassinado, citado na coluna de Ruth de Aquino, Revista Época de 15/4/13).
Medidas sócio-educativas são fundamentais. Mas que devem acontecer paralelas à exclusão do convívio social de indivíduos psicopatas, tenham eles 30, 20 ou 17 anos. Não esqueçamos que o sistema que pune crimes tem três objetivos principais:
Afastar um indivíduo perigoso do meio social.
Reeducá-lo.
E, por mais dolorido que seja ler esta frase, puni-lo, consoante a magnitude do delito.
Um baita medo de punição séria não eliminará, mas certamente minimizará acontecimentos como o relatado.
Como escrevi no Blog “Santos, Psicopatas e o braço arremessado ao rio”, um dos nossos pilares para uma vida saudável é nos colocarmos no lugar de quem transgride.
Minha mente limitada não conseguiu, até agora entender/empatizar um assassinato como resposta a uma não-reação.
Resta me colocar no lugar dos pais enlutados, namorada, amigos: o que pensar?

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