Quando não estão inquietos com o dólar americano ou com a dívida chinesa, os dirigentes políticos nas economias emergentes ficam atentos ao mercado do petróleo. O preço do barril do tipo Brent subiu quase 50% no ano passado, chegando a US$ 80 o barril. Foi o 11.º maior salto nos últimos 70 anos (ajustado pela inflação), de acordo com o banco UBS.
Então, os mercados emergentes devem agora se preocupar com a possibilidade de os preços do petróleo superarem a marca dos US$ 100 ou despencarem para menos de US$ 50? A resposta é sim.
Muitas economias emergentes importam petróleo; outras exportam o produto. Dessa forma, os preços mais altos afetam o primeiro grupo e os preços mais baixos prejudicam o segundo.
Um balanço delicado. Mas a questão é mais complicada. Por exemplo, a Indonésia é uma importadora líquida de petróleo, mas uma exportadora líquida de “energia”, incluindo carvão e óleo de palma (ou azeite de dendê).
Como os preços do carvão, do óleo de palma e do petróleo tendem a subir mais ou menos simultaneamente, a Indonésia se beneficiaria se o petróleo chegasse aos US$ 100, segundo a UBS. O México e os Estados Unidos também são importadores líquidos do óleo bruto. Mas, em ambos os países, se o valor do petróleo subir será positivo para investimentos e emprego no setor petrolífero mais do que afetará os gastos domésticos.
O impacto de uma mudança nos preços depende também do nível de preço. Se o petróleo cotado a um valor baixo registrar um salto no preço, seu impacto será diferente em relação a um aumento quando o preço já está alto.
Nos Estados Unidos, muitas explorações de petróleo não são lucrativas no caso do petróleo ser cotado a US$ 40 e são viáveis se ele estiver a US$ 60 ou mais.
Inversamente, muitas seriam lucrativas se o produto fosse vendido a US$ 120 e viáveis se ele alcançasse os US$ 100. Assim, um aumento de US$ 40 para US$ 60 vai estimular mais investimentos e gerar mais emprego, ao passo que um aumento de US$ 100 para US$ 120 pode ser menos encorajador. E o impacto no bolso das famílias aumenta drasticamente.
Nível intermediário. Como resultado, a relação entre petróleo e crescimento não é direta, mas curva. Preços abaixo de US$ 50 e acima de US$ 75 prejudicam as perspectivas globais, segundo estimativas feitas pelo especialista Arend Kapteyn, do UBS. Valores intermediários seriam mais positivos.
Assim, se o petróleo permanecer dentro da sua atual faixa de preço, a economia global não deve ser muito atingida. Mas é um grande “se”. É perigoso prever se o valor do petróleo dará uma guinada para cima ou para baixo. O mais seguro é presumir que uma das duas tendências deve se concretizar.