Tensão comercial já atinge a economia alemã

As encomendas à indústria alemã caíram 4% em junho em relação a maio, refletindo o enfraquecimento da demanda fora da zona do euro em meio à crescente tensão na relação comercial entre a Europa e os EUA.
Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Economia da Alemanha, as encomendas para exportação caíram 4,7% no mês em junho, comparado com uma queda de 2,8% nas encomendas domésticas. A maior retração foi observada nas encomendas de países de fora da zona do euro, que caíram 5,9%, enquanto os pedidos de países da união monetária recuaram 2,7%.
Em comparação a junho de 2017, a queda nas encomendas foi de 0,8% (com ajuste sazonal).
“Os números desapontadores de novas encomendas mostram os primeiros sinais da tensão comercial atingindo a economia alemã, o que não é uma boa sinalização para a perspectiva para o setor industrial no segundo semestre”, disse Carsten Brzeski, economista-chefe do ING.
Os dados de junho cobrem um período de piora nas relações comerciais transatlânticas, com os EUA aplicando sobretaxas ao aço e alumínio importados da Europa, e a União Europeia (UE) anunciando tarifas retaliatórias sobre € 2,8 bilhões em produtos americanos.
No mês passado, houve um alívio na tensão comercial com a aparente trégua obtida pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com o presidente dos EUA, Donald Trump. Porém, não está claro como isso vai influenciar a confiança das empresas. Analistas alertam que a incerteza gerada pelo temor de guerra comercial pode adiar planos de investimentos e de contratações.
“Embora a série possa ser volátil, a tendência descendente está emergindo no atual contexto de tensões comerciais”, disse Raphael Brun-Aguerre, economista do JP Morgan. Da mesma forma, as vendas industriais alemãs recuaram 1% em junho ante maio, o que aponta para uma “queda semelhante” na produção industrial em junho, segundo Brun-Aguerre.
Na semana passada, dois indicadores apontam para uma piora no desempenho econômico da zona do euro. O índice de atividade industrial da IHS Markit caiu em julho para 54,3, de 54,9 em junho, enquanto o subíndice de novas encomendas recuou para o segundo menor nível do ano. Em outro sinal de alerta, as vendas no varejo na zona do euro cresceram apenas 0,3% em junho em relação a maio.

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