Rússia ataca Kiev com drones e mira destruição da rede elétrica

Rússia realizou o maior bombardeio com drones kamikaze, equipamentos de fabricação iraniana, à capital da Ucrânia nesta segunda-feira, 17, atingindo alvos civis e da infraestrutura energética do país. Ao menos quatro pessoas morreram, incluindo uma mulher grávida, e outras dezenas ficaram feridas. Os ataques à rede elétrica ucraniana ocorrem às vésperas da chegada do forte inverno na região, o que indica uma estratégia do Kremlin de punir a população civil do país com a escassez de energia e de aquecimento em meio a temperaturas congelantes.

Os ataques ocorreram antes das 07h (01h em Brasília), durante a hora do rush da manhã. O distrito central de Shevchenko, em Kiev, foi atingido pelo menos cinco vezes, enquanto um ataque separado na região nordeste de Sumy matou ao menos três pessoas.

Os moradores da capital ouviram o barulho característico dos drones Shahed, fabricados no Irã, enquanto os moradores se preparavam para o trabalho e muitas crianças ainda estavam acordando. Barulhentos e voando lentamente a baixas altitudes, os equipamentos anunciaram sua chegada com um zumbido que parecia uma motocicleta. Visíveis de quem olhava da rua ou dos prédios, os equipamentos entraram na mira dos soldados ucranianos, que abriram fogo com seus fuzis.

Em vez de ir para as salas de aula, as crianças, algumas já vestidas com seus uniformes escolares, foram para os porões para se abrigar, como fizeram uma semana antes, quando a cidade foi alvo de contínuos bombardeios.

“A janela do meu quarto estourou, a janela da cozinha estourou e as paredes desabaram”, disse Stefanova, uma psicóloga aposentada, em depoimento ao jornal britânico The Guardian. “A fumaça era tão forte e espessa que não pudemos ver nada por cinco minutos e ficamos completamente desorientados. Era como uma neblina pesada: eu e mamãe começamos a sufocar nessa fumaça”.

“Eu estava fumando na minha varanda e um passou voando”, disse Vladislav Khokhlov, morador de um apartamento de 13º andar, ao The New York Times. Ele disse que viu o que parecia ser um pequeno triângulo metálico passar não muito mais alto do que os telhados, soando como uma serra elétrica.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que 28 drones foram vistos sobre a cidade, com cinco explosões confirmadas. A Força Aérea da Ucrânia enviou jatos para perseguir e atirar nos drones, enquanto alguns foram abatidos por tropas ucranianas que dispararam do solo. Os alvos dos ataques incluíam a sede da concessionária nacional de energia da Ucrânia e uma estação de aquecimento municipal.

Bombardeios no centro e no norte da Ucrânia danificaram a rede de energia do país, anunciou a operadora estatal, pedindo aos cidadãos que consumam quantidades mínimas de eletricidade para evitar paralisações de emergência.

É a segunda semana consecutiva que o centro de Kiev está sob bombardeio, uma retaliação do presidente Vladimir Putin pela destruição de uma ponte na Crimeia, estratégica para a Rússia por ser usada para reabastecer as tropas na guerra. Os ataques fizeram autoridades ucranianas rapidamente aumentarem os apelos aos sistemas de defesa aérea ocidentais.

A Força Aérea da Ucrânia disse que Moscou disparou 43 dos drones na segunda-feira, mas 37 foram abatidos por sistemas de defesa aérea.

No ataque à estação de aquecimento municipal, um drone atingiu perto de onde outro havia atingido cerca de uma hora antes, em lados opostos da rua Zhilianska. Parece ser o que os ucranianos chamam de “ataque de toque duplo”, uma tática que visa matar trabalhadores de emergência ou bombeiros respondendo a um ataque inicial.

No sul da Ucrânia, um outro bombardeio danificou uma subestação elétrica, cortando novamente a energia da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, disseram autoridades nesta segunda-feira. Os geradores a diesel de backup da usina foram ligados, de acordo com um comunicado da empresa de energia nuclear ucraniana, Energoatom.

https://www.estadao.com.br/internacional/bombardeios-de-drones-kamikaze-atingem-a-capital-da-ucrania-nesta-segunda-feira/

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