O avanço de empresas asiáticas no e-commerce mundial e brasileiro.

Han Na Kim

Segundo Statista (2021), o varejo foi um dos primeiros setores a sofrer uma disrupção com o uso intensivo da internet, sendo que o e-commerce se tornou um marco da inovação digital nas décadas passadas. Assim, o cenário atual do e-commerce mundial parece ter uma relativa maturidade, com players estabelecidos e regras claras. No entanto, essa impressão pode enganar, visto que a transformação digital continua em curso neste setor: há um fluxo de inovação vindo de inúmeras startups e podemos ver uma crescente participação de economias em desenvolvimento da Ásia. 

Outro fato é que a pandemia da Covid-19 fez com que o e-commerce ganhasse bastante espaço no Brasil e no mundo. A participação do e-commerce no varejo mundial saltou de 13,8%, em 2019, para 17,8%, em 2020. Até 2025, estima-se que ocupará 24,5% do total do varejo. Os consumidores já sentiram os benefícios da conveniência, um dos impulsionadores do e-commerce, e continuarão a comprar itens no online, mesmo com a reabertura do comércio. E, para os comerciantes, em 2021, o comércio online foi responsável por 58% das vendas, tornando-se essencial oferecer serviços e produtos pela internet ao consumidor (Albuquerque, 2022).

Neste mercado mundial estimado em USD 4,23 trilhões (2022), quando analisada a receita total por país, em 2020, a China foi o maior mercado de e-commerce do mundo, com USD 1,34 trilhões. O Brasil se destaca sendo o país que apresenta o maior CAGR (Compound Annual Growth Rate/ Taxa de crescimento anual composto) para o período de 2022 a 2025: 20,73% (Statista, 2022). Esse crescimento fica muito acima da média mundial de 11,58%, projetando um crescimento que vai de USD 47 bilhões, em 2022, para USD 85 bilhões, em 2025. 

Do ponto de vista da oferta, as empresas americanas lideram de longe o setor de e-commerce mundial. A pesquisa da Statista (2022) indica que, por mês, a Amazon recebe 5 bilhões de visitas, sendo a líder, e a eBay, 1,7 bilhões de visitas. A líder no Brasil é o Mercado Livre que ocupa a 3ª posição em total de visitas do mundo, com 684 milhões acessos. Segundo o especialista da Conversion, ouvido pelo Mercado e Consumo (2022), os marketplaces da Ásia buscam neste setor uma reestruturação da concorrência: eles conseguiram identificar uma grande lacuna no e-commerce global, que é o ticket baixo, criaram senso de urgência com suas promoções e construíram uma verdadeira experiência de busca de achados. 

No mercado brasileiro, as desafiantes asiáticas estão conseguindo ganhar mercado e essas empresas, como a Shopee (Singapura) e a Shein (China), estão cada vez mais populares entre os consumidores brasileiros. Ainda há desconfiança e são alvos de um número alto de reclamações em sites como o “Reclame Aqui”, mas o crescimento é notável: a Shopee registrou crescimento de 7% no número de acessos mensais, de janeiro a junho de 2022, segundo Mercado e Consumo (2022). Com esse crescimento, a Shopee passa a ocupar a segunda colocação entre os 30 e-commerces mais visitados do Brasil, segundo dados do Relatório Setores do E-commerce (Conversion, 2022), logo atrás do Mercado Livre, o maior e-commerce do País. No caso da Shein, empresa do segmento de vestuário, viu um crescimento de 51% no número de acessos mensais em suas plataformas digitais e, atualmente, ocupa a décima colocação do ranking de e-commerces mais acessados do Brasil. 

Num mundo impactado pela pandemia da Covid-19, onde houve a redução na renda e do poder de compra de uma parte considerável da população, essa estratégia de ticket baixo das empresas asiáticas pode trazer um crescimento contínuo para elas: os consumidores passam a consultar sites e comparar preços para economizar, representando uma oportunidade para as empresas que trabalham na oferta de produtos acessíveis. 

Com esse novo cenário da concorrência no setor de e-commerce, as empresas que atuam no mercado brasileiro deverão rever seus posicionamentos e estratégias, em busca de vantagens competitivas sustentáveis, em áreas como logística, entendimento do consumidor, qualidade, atendimento e tecnologia.

Referências

ALBUQUERQUE, K. E-commerce deve crescer 56% no Brasil até 2024. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/2022/04/18/pro/e-commerce-crescer-54-brasil-2024/&gt;.

Empresas asiáticas crescem no e-commerce; Mercado Livre ainda lidera ranking de acessos. Disponível em: <https://mercadoeconsumo.com.br/05/08/2022/noticias-varejo/empresas-chinesas-crescem-no-e-commerce-mas-mercado-livre-ainda-lidera/&gt;.

eCommerce Report 2021 | Statista. Disponível em: <https://www.statista.com/study/42335/ecommerce-report/&gt;.

Retail e-commerce sales CAGR 2021-2025. Disponível em: <https://www.statista.com/forecasts/220177/b2c-e-commerce-sales-cagr-forecast-for-selected-countries&gt;.

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