País tem 138 programas para startups

Programas de conexão entre grandes empresas e startups, com atividades como aceleração e mentoria, se tornaram corriqueiros no mundo corporativo brasileiro nos últimos anos: segundo mapeamento realizado pela empresa de inovação Ace nos últimos seis meses, nada menos do que 138 projetos estiveram ativos ao longo do último ano. Mas, apesar da quantidade de iniciativas, ainda há um grande número delas que não ultrapassa o nível superficial de interação entre corporações e novatas, criadas apenas para fazer marketing de que aquele grupo está de fato seguindo a onda da inovação. 
Segundo o mapeamento realizado pela Ace, apenas 40% das grandes empresas que se relacionam com startups fazem investimentos ou aquisição de novatas. “A maioria dos programas foca em contratar uma startup como fornecedora ou montar algum tipo de parceria consolidada, o que é algo mais simples”, afirmou Pedro Waengertner, cofundador da Ace e responsável pelo estudo, revelado com exclusividade ao Estado. 
Para Waengertner, que também é professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), é possível olhar o cenário com otimismo. “É difícil gerar negócios relevantes ou até mesmo investir, portanto ficamos surpresos que, das 120 companhias que trabalham com startups, 55 possuem fundos de investimento dedicados”, disse o cofundador da Ace.A disparidade entre o número de programas e o número de startups se deve ao fato de que algumas empresas participam de ou realizam múltiplas iniciativas. 
O mapeamento mostrou também que 66% dos programas de conexão entre grandes empresas e startups são desenvolvidos com algum tipo de parceiro. Enquanto isso, as companhias dos setores financeiro, de varejo e de tecnologia são os que possuem o maior número de programas com startups, revelou o estudo. 
Inovação de fato. Apesar dos programas de inovação mostrarem maturidade, cerca de 60% dos projetos não alcançaram seus objetivos iniciais em um primeiro momento. “Ainda tem muito programa voltado para fora, não no sentido de trabalhar com startups, mas no sentido de ter um objetivo de buscar o posicionamento de marca. Não é algo errado, acho que é legítimo, mas traz o questionamento se dessa forma não se está diluindo o potencial de alcance”, diz Waengertner. 
Na visão do cofundador da Ace, a proliferação dos programas com objetivo de marketing pode prejudicar a imagem desse tipo de iniciativa. “Se toda empresa tem um programa de conexão com startups, isso passa a não atrair a atenção do mercado do mesmo jeito que atraía há alguns anos”, diz. Outra mudança aconteceu na própria figura das aceleradoras – a própria Ace deixou de lado seus programas independentes e passou a atuar como prestadora de serviço para empresas.

https://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,pais-tem-138-programas-para-startups-aponta-estudo,70003108220

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