Por Marcos Maurício Alves
Ao longo dos anos o futebol tem sido usado como forma de manipular as massas. Foi usado pelos principais ditadores do século XX como propaganda. Mussolini, Hitler e Franco, por exemplo, tentavam mostrar ao mundo que seus times ou seleções eram superiores aos outros e com isso buscavam provar que seus regimes também eram superiores. Mussolini nas Copas de 34 e 38, Hitler nas Olimpíadas de Berlim em 36 e Franco com o time do Real Madrid (principalmente nos anos de 56 a 60) usaram desse subterfúgio, ou seja, exploravam o esporte com fins puramente políticos. Podemos citar muitos outros exemplos: a Copa de 70 no Brasil a de 78 na Argentina são dois dos mais emblemáticos. Mas será que só regimes ditatoriais tentam usar o esporte como forma de manipulação? A resposta que podemos dar é um categórico não. Podemos ver que diversos presidentes acabam tentando “lucrar” com as vitórias de suas seleções.
No Brasil muitas vezes escutamos que o futebol poderia solucionar uma série de problemas políticos. Já em 1976, o então Almirante brasileiro Heleno Nunes afirmava “onde a Arena vai mal, um time no Nacional” mostrando que problemas políticos se resolviam com o futebol. Mas o que acontece nos dias de hoje? O Brasil será, depois de quase 64 anos, novamente sede de uma Copa do Mundo. Estamos em pleno evento teste para o “maior evento esportivo da Terra” e esta Copa das Confederações não empolga. O povo – que poderia estar falando da escalação do time, do por quê da escolha do Hulk e não do Lucas, tentando achar uma explicação para o Oscar jogar tão mal ou tantos outros porquês – está falando sobre política. Está vendo o que o Congresso vota, acompanhando debates políticos acalorados, defendendo com unhas e dentes uma posição política. Neste momento, há pessoas vendo a TV Câmara, assistindo e acompanhando pela internet e televisão os debates no Senado. Os congressistas estão trabalhando na semana de São João. O Brasil está mudando e querer tirar a atenção do povo via futebol não dá mais certo.
Ao que parece a ilusão acabou. O povo que foi para as ruas nas últimas semanas tinha gritos diversos e entre eles estavam os que pediam hospitais e escolas no padrão FIFA (uma clara alusão aos estádios que precisam estar no padrão de qualidade que a entidade máxima do futebol exige dos países que sediam os eventos organizados por ela). Além disso, muitos querem investigação sobre os exorbitantes gastos nos estádios. Querem saber por que as promessas de legado não foram – nem serão – cumpridas?
Os políticos brasileiros terão muito a explicar nos próximos meses. Nem a Copa que está acabando e nem a que logo chegará servem mais para ocultar a ineficiência de grande parte dos meios políticos do país.
Não queremos mais ser o país do futebol. Queremos simplesmente ser país, sem epítetos que nos qualifiquem e para isso nem Copa das Confederações, Copa do Mundo ou qualquer outro campeonato de futebol podem mais ser motivo de alienação dos brasileiros.
E parafraseando o slogan atual de nosso governo “País rico é país onde o futebol não é mais onipresente”.