Cerca de 47,5% dos adultos americanos encontram-se em famílias que perderam renda, segundo a pesquisa. Em abril, instituições tinham quase 15 milhões de cartões de crédito em programas de dificuldade financeira
A desaceleração econômica decorrente da pandemia da covid-19 reduziu a renda de metade dos americanos e ameaça causar uma extensa onda de inadimplência nos EUA nos próximos meses. Relatório do Censo americano mostra que quase metade dos adultos no país vivem em famílias que perderam renda nos dois últimos meses e mais de um terço espera perder renda no próximo mês.
Os resultados são parte de uma nova pesquisa semanal promovida por várias agências federais de estatísticas para mostrar mudanças no bem-estar das famílias americanas. O estudo mais foi realizado entre 7 e 12 de maio.
Os resultados iniciais mostram a amplitude dos deslocamentos econômicos decorrentes dos esforços para conter o coronavírus. Também mostram expectativa de que a pandemia continuará afetando as famílias, apesar da reabertura da atividade econômica em vários Estados americanos.
Cerca de 47,5% dos adultos encontram-se em famílias que perderam alguma renda, segundo a pesquisa, e 37% esperam uma perde da renda adicional em suas famílias no próximo mês.
Entre os mais duramente atingidos estão os Estados que dependem muito do turismo ou do setor de energia. No Havaí, por exemplo, quase seis em cada dez adultos encontram-se em famílias que perderam renda. O número é de quase 57% em Nova Jersey e 56% na Louisiana e em Nevada.
“A perda de salário repercutiu entre nós”, disse Victoria Velkoff, diretora associada de programas demográficos do Census, em uma apresentação online promovida pela Brookings Institution. “Quando vimos esses números, ficamos muito surpresos.”
Ao menos 15% dos proprietários de imóveis e 26% dos inquilinos disseram não ter conseguido pagar prestações de financiamentos ou o aluguel em abril. Nesse grupo, 10% dos proprietários e 20% dos inquilinos acreditam que vão atrasar esses pagamentos neste mês.
O salto no desemprego provocado pelo coronavírus abalou as condições de pagamento das dívidas mensais das pessoas. Milhões nos EUA estão atrasadas em seus pagamentos de cartões de crédito e financiamentos de automóveis.
Em abril, as instituições de crédito tinham quase 15 milhões de cartões de crédito em programas de “dificuldade financeira”, como os de adiamento negociado, que permitem aos devedores interromper temporariamente os pagamentos, segundo estimativas da firma de dados sobre crédito TransUnion. Isso representa cerca de 3% das contas de cartões de crédito acompanhados pela empresa, que divulgou os números ontem.
Quase três milhões de financiamentos de automóveis estavam em programas similares, o que representa 3,5% do total acompanhado pela TransUnion.
As proporções aumentaram em relação ao mesmo período de 2019, quando 0,03% dos cartões de crédito e cerca de 0,5% dos financiamentos de automóveis estavam em dificuldade financeira
Para piorar a situação, muitos americanos estavam usando cartões de crédito e entrando em financiamentos de automóveis em volumes recorde antes da pandemia. Com a suspensão da atividades das empresas e o aumento de casos de coronavírus no país, milhões informaram suas instituições de crédito que não teriam condições de pagar suas contas.
Em abril, 840 mil empréstimos pessoais estavam em programas de adiamento negociado ou de algum outro tipo de dificuldade financeira, o equivalente a 3,6% do total acompanhado pela empresa.