Uma série de veículos elétricos de luxo da Mercedes chegará às ruas nos próximos 18 meses, segundo o executivo-chefe da montadora, que apresentou na sexta-feira uma versão elétrica do modelo top de linha da marca, o sedã Classe S, lançada para arrebatar clientes de rivais como a Tesla.
Ola Kallenius, que comanda a Daimler, controladora da Mercedes, disse ao “Financial Times” que o EQS, cuja venda começa no fim do verão europeu, será seguido por versões totalmente elétricas do sedã Classe E e de dois utilitários esportivos baseados na mesma plataforma nos próximos dois anos.
No fim desse período, os modelos estarão disponíveis na Europa, China e Estados Unidos, disse o executivo, somando-se à linha elétrica, que já tem cinco carros compactos e o furgão de transporte de passageiros EQV.
Os anúncios de Kallenius chegam no mesmo dia da divulgação de um lucro ajustado antes de juros e impostos de € 4,9 bilhões de no primeiro trimestre, bem maior do bilhões projetados por analistas.
A forte demanda por carros da Mercedes-Benz, particularmente na China, ajudaram a Daimler a superar as expectativas para o trimestre, em mais um sinal da recuperação da indústria automotiva mundial.
O chefe da Daimler espera aproveitar o ímpeto das vendas do primeiro trimestre com o lançamento do EQS, que foi recebido de forma entusiasmada por algum dos principais analistas especializados e tem um alcance propagandeado de até 770 quilômetros por carga, superando o Model S, da Tesla, e o iNEXT, da BMW, ainda por ser lançado.
Alguns dos atrativos do EQS, no entanto, como a capacidade de ganhar novas funções por meio de atualizações on-line, há anos são algo básico em rivais mais novos, como a Tesla e a chinesa Nio.
Kallenius disse que as pesquisas internas de mercado mostraram que o modelo poderia ser tornar um “veículo de conquista”, atraindo clientes que “talvez não estivessem pensando na Mercedes”.
A empresa, cuja sede fica em Sttutgart, “construiu uma promessa de marca ao longo de mais de 100 anos e com essa promessa de marca vem certo nível de substância”. Isso atrairá consumidores de alta renda, acrescentou.
Embora as margens de lucro do EQS sejam menores do que as do lucrativo Classe S de combustão interna, Kallenius disse que o carro começaria “com um bom grau de lucratividade” desde o início, que melhoraria à medida que o custo das baterias caísse.
O modelo, sem preço definido, provavelmente será vendido entre € 80 mil e € 150 mil, dependendo das especificações, prevê o analista Arndt Ellinghorst, do Bernstein.
A Mercedes terá tranquilamente uma margem de “20% na versão de alto padrão”, acrescentou o analista, enquanto as versões básicas teriam uma entre 10% e 15%, acrescentou.
A versão elétrica será produzida na mesma linha de produção de seu irmão com motor a combustão interna, mas a Mercedes não limitará a produção do EQS para preservar capacidade para o Classe S, que desde o lançamento da nova geração em setembro já recebeu mais de 50 mil encomendas.
“Não vamos estrangular artificialmente a expansão de nossos veículos elétricos”, disse.
A Mercedes, que vendeu 160 mil veículos híbridos ou movidos exclusivamente a bateria em 2020 e ultrapassou as metas de emissão da União Europeia, pretende dobrar as vendas de veículos elétricos em 2021.
As ações da Daimler subiram 3% nos negócios pela manhã de sexta-feira, cotadas a € 77,25, depois do anúncio dos resultados, aumento de mais de 200% desde o piso registrado em março de 2020, incentivado em parte pelas fortes vendas da região da Ásia-Pacífico. No trimestre encerrado em março, a Mercedes atingiu o recorde de 222.520 veículos entregues na China.
Kallenius acredita que, graças à demanda acumulada, a marca continuará tendo “altas taxas de crescimento na segunda metade do ano” antes de as vendas voltarem a se nivelar
