Mercado de trabalho americano está longe da estagnação

A forte demanda por trabalhadores que a pandemia desencadeou nos Estados Unidos começou a diminuir, mas mesmo que persistam as preocupações com a economia, os empregadores não têm pressa para começar a demitir pessoas.

Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta terça-feira que o país criou 8,8 milhões de vagas de emprego em julho, abaixo dos 9,2 milhões em junho e 11,4 milhões no mesmo mês do ano anterior. Ainda são muitas vagas: são cerca de 1,5 vaga para cada pessoa contabilizada como desempregada, número melhor do que a média de 2019 – um bom ano para o mercado de trabalho americano – quando a relação era de 1,2. 

Apesar do alto número de postos abertos, os resultados de julho mostram que o mercado de trabalho está arrefecendo. 

O número de pessoas que abandonaram os seus empregos também caiu, segundo o Departamento do Trabalho, que registrou 3,5 milhões de demissões em julho, ante 3,8 milhões em junho e quatro milhões na comparação com o mesmo período do ano anterior. 

Uma coisa que não aumentou muito desde o ano passado foi o número de pessoas que foram demitidas. Os EUA registraram em julho 1,56 milhão de demissões, ante 1,5 milhão em julho do ano passado. Devido à criação de cerca de 3,4 milhões de empregos desde julho do ano passado, a taxa de demissões – a porcentagem de demissões em relação ao total de empregados – manteve-se inalterada em relação ao ano anterior, em 1%. 

Isto é digno de nota, uma vez que algumas demissões em cargos altos, especialmente no setor de tecnologia que começaram no 3o trimestre do ano passado, suscitaram preocupações de que perdas generalizadas de postos de trabalho estavam a caminho. Mas nem os números de demissões do Departamento do Trabalho, nem os pedidos semanais de seguro-desemprego aumentaram. E, ultimamente, as grandes demissões também diminuíram. Segundo a empresa de recolocação profissional Challenger, Gray & Christmas, sua contagem mensal de demissões chegou a 23.697 em julho, ante 25.810 registradas um ano antes. 

Uma razão pela qual os empregadores podem estar evitando novas demissões, mesmo com a queda dos lucros ao longo do último ano em muitos setores, é o receio de que as vagas abertas nunca mais sejam preenchidas. 

A procura por trabalhadores ainda é forte – especialmente em áreas como saúde, lazer e hotelaria – e isso torna mais fácil para as pessoas que foram demitidas encontrarem novos empregos. Se a economia evitar uma recessão e continuar a crescer, as empresas com falta de pessoal poderão continuar sofrendo com este problema. 

Por enquanto, o cenário é positivo, indicando que um mercado de trabalho pode continuar a arrefecer sem ficar desconfortavelmente frio. Mas se a demanda se deteriorar nos próximos trimestres, algumas empresas começarão a demitir funcionários e outras não estarão dispostas a preencher as lacunas. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/08/29/mercado-de-trabalho-americano-est-longe-da-estagnao.ghtml

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