G-20 defende redução de emissões de gases estufa, mas não chega a consenso sobre prazos

O grupo das 20 maiores economias do globo (G-20), que inclui o Brasil, se comprometeu a reduzir “significativamente” as emissões coletivas de gases do efeito estufa, mas não chegou a um consenso sobre prazos. A declaração foi feita no mesmo dia em que começa a Cúpula do Clima das Nações Unidas, a COP-26, em Glasgow, na Escócia.  Parte das autoridades considerou o compromisso insuficiente diante dos desafios para frear o aquecimento global. 

“Iremos acelerar nossas ações por meio da mitigação, adaptação e finanças, reconhecendo a relevância  de alcançar o patamar net zero de emissões globais de gases de efeito estufa ou a neutralidade de carbono por volta de meados do século”, diz o documento. Os líderes desses países se encontraram neste fim de semana na Itália. 

Um dos principais impasses foi o prazo de 2050 para que os países atinjam a neutralidade de emissões de carbono – isso significa um saldo zero de emissões, fazendo compensação da poluição com o reflorestamento, por exemplo. China, Índia e Rússia não aceitaram essa data e mantiveram essa meta para 2060. Desde abril, o governo Jair Bolsonaro já sinalizou que vai adotar a previsão de 2050 para a neutralidade. 

A resistência desses três grandes emergentes, que estão entre as cinco maiores nações poluidores do mundo, ocorre após os Estados Unidos serem nos quatro anos anteriores o principal obstáculo a consensos climáticos no grupo, durante o mandato de Donald Trump, que adotou postura negacionista do aquecimento global e chegou a deixar o Acordo de Paris. Ao escolher a expressão “por volta da metade do século” neste fim de semana, o G-20 conseguiu angariar o consenso das duas correntes, já que ele é necessário para construir o texto final. 

O presidente americano, Joe Biden, manifestou desapontamento com as posturas de China e Rússia, cujos líderes não foram a Roma para o encontro do grupo.  “A decepção está relacionada ao fato de que Rússia e China não se manifestaram em termos de compromissos para enfrentar a mudança climática”, disse ele, que também criticou a ausência da Arábia Saudita. 

As nações do G-20 também reconheceram a necessidade de fortalecer esforços globais necessários para atingir os objetivos do Acordo de Paris, pacto climático firmado por quase 200 países em 2015. Embora vários governos tenham elevado metas para cortar emissões nos últimos anos, especialistas afirmam que esses compromissos ainda precisam ser significativamente ampliados. 

“Continuamos comprometidos com a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C e juntar esforços para limitá-lo a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, também como um meio de possibilitar o cumprimento da Agenda 2030”, escreveram.

Segundo o último relatório do IPCC, painel intergovernamental da ONU para as mudanças climáticas, se o planeta não frear o aquecimento global, haverá uma alta significativa de eventos extremos, como secas, inundações e queimadas. Conforme os cientistas, a elevação de 1,5ºC em relação à era pré-industrial deve ocorrer na década de 2030, dez anos antes do inicialmente previsto.  

Os países assumiram o compromisso de aumentar esforços para eliminar subsídio a combustíveis fósseis ineficientes e cooperarem para tecnologias renováveis de emissão zero ou baixa de carbono. “Vamos mobilizar financiamento público e privado para energia verde”, diz o documento. As nações também se disseram comprometidas a manter a segurança energética. Além disso, os líderes concordaram em encerrar o financiamento público para a geração de energia à base de carvão no exterior, mas não estabeleceram nenhuma meta para a eliminação gradual do carvão no mercado interno. 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que houve “progressos razoáveis”, mas afirmou que “ainda não são suficientes”. Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que deixou o evento com suas expectativas na luta contra o aquecimento global “não cumpridas”, mas “não enterradas”.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que houve “progressos razoáveis”, mas afirmou que “ainda não são suficientes”. Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que deixou o evento com suas expectativas na luta contra o aquecimento global “não cumpridas”, mas “não enterradas”.

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