O primeiro-ministro da Finlândia anunciou nesta terça-feira, 28, que fechará a última passagem da fronteira com a Rússia que ainda estava aberta. A medida é uma tentativa de frear a passagem de uma onda de migrantes provocada, segundo o primeiro-ministro finlandês Petteri Orpo, por Moscou.
“O governo decidiu hoje fechar todas as passagens de fronteira na fronteira oriental”, informou Orpo, em entrevista coletiva. A ministra do Interior, Mari Rantanen, indicou que o fechamento entrará em vigor na noite de quarta-feira e durará até 13 de dezembro.
O país nórdico já tinha fechado sete dos oito postos de controle na sua fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia nas últimas semanas, após um aumento nas chegadas de migrantes do Oriente Médio e da África desde agosto, período em que a Finlândia registrou quase 1.000 solicitantes de asilo na fronteira com o território russo. Os requerentes são provenientes de países como Eritreia, Etiópia, Iraque e Paquistão.
“Tentativa de minar a segurança”
Na semana passada, o primeiro-ministro finlandês acusou a Rússia de organizar uma “ação sistemática e organizada”. “A Finlândia tem razões profundas para suspeitar de que a entrada (de migrantes) é organizada por um Estado estrangeiro. Isto trata das operações de influência da Rússia e não aceitaremos isso”, disse Orpo. “Não aceitamos qualquer tentativa de minar a nossa segurança nacional. A Rússia causou esta situação e também pode impedi-la.”
As relações entre Rússia e Finlândia se deterioraram depois que Moscou lançou uma invasão na Ucrânia em fevereiro de 2022. A Finlândia aderiu à Otan, uma aliança militar liderada pelos Estados Unidos, em abril de 2023, pondo fim a uma política de neutralidade de décadas. Moscou criticou a decisão e prometeu agir em resposta — por isso, autoridades finlandesas especulam que migrantes estejam sendo usados como uma tentativa de desestabilizar o país nórdico após sua entrada na Otan.
O Kremlin negou encorajar os migrantes a entrar na Finlândia e disse lamentar o fechamento da fronteira finlandesa. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, argumentou na semana passada que Helsinque deveria ter tentado “encontrar uma solução mutuamente aceitável ou receber explicações”.
Há dois anos, a União Europeia acusou Belarus, aliada da Rússia, de usar migrantes que procuram uma vida melhor na Europa como peões para desestabilizar as democracias ocidentais. Os líderes europeus chamaram-lhe uma forma de “guerra híbrida” por parte de Moscou, juntamente com desinformação, interferência eleitoral e ataques cibernéticos./AFP e Associated Press.
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