A Comissão Europeia publicou versao revisada de sua proposta de ajustes nos critérios para rotular gás e enrgia nuclear como fontes sustentáveis
A proposta, apresentada pela primeira vez no fim de 2021, faz parte da “taxonomia verde” da UE, uma análise detalhada do que os reguladores acreditam que deve ser considerado como investimento sustentável. O objetivo é canalizar mais capital para projetos e atividades que foram avaliados por sua sustentabilidade e evitar o “greenwashing”, por meio do qual as empresas exageram suas credenciais verdes.
“As pessoas precisam de uma referência e acho que é aí que entra a taxonomia”, disse Shashank Krishna, sócio do escritório de advocacia Baker Botts, especializado em investimentos em energia sustentável. “Dependendo de como todo esse debate sobre gás e energia se desenrolar, isso pode se tornar a referência global.”
A proposta apresentada pela Comissão Europeia tem boas chances de se tornar lei. Os países e o Parlamento Europeu têm até seis meses para revisar o plano, período durante o qual podem votar contra o projeto, mas o número necessário de votos para bloqueá-lo é alto, de 20 países. Áustria e Luxemburgo ameaçaram recentemente processar o braço executivo da UE se a versão preliminar do plano fosse adotada. Não está claro se os dois países seguirão com o processo após a decisão de ontem.
As posições dos Estados membros à proposta variam: a Holanda e a Dinamarca se opõem à inclusão do gás natural porque não dependem dessa fonte, enquanto a Alemanha – que está eliminando a energia nuclear – criticou o rótulo verde para a energia atômica.
O plano da UE não afeta diretamente os investimentos em energia em geral, mas determina apenas se eles podem ser rotulados como “verdes”. Ainda assim, ativistas climáticos e alguns investidores dizem que, se os projetos de energia nuclear e gás natural forem designados como ecologicamente corretos, poderão retirar financiamento de programas menos prejudicais ao meio ambiente em energias renováveis sustentáveis.
A inclusão da energia nuclear e do gás natural foi contestada por ambientalistas e alguns investidores, que alertaram para a possibilidade de a decisão prejudicar a integridade e a utilidade da taxonomia da UE.