Europa em crise diminui ajuda a Ucrânia

Quase seis meses depois de uma mobilização surpreendente contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Europa diminuiu drasticamente o envio de recursos para o país. É o que mostram dados recentes do Instituto da Economia Mundial de Kiel, que rastreia doações militares, financeiras e humanitárias para a campanha de Volodimir Zelenski desde o início do conflito.

Segundo o instituto alemão, seis dos principais países europeus —Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Itália e Polônia— não se comprometeram a fazer novas doações para o front em julho. É um tombo e tanto em comparação com os mais de € 4 bilhões (R$ 20 bi) enviados por essas mesmas nações em abril.

A queda não significa, porém, que a Europa tenha deixado de enviar recursos para a Ucrânia. Dois terços do total de € 1,5 bilhão (R$ 7,6 bi) em recursos internacionais enviados em julho ao território invadido vieram de uma nação europeia, a Noruega, e outros países remeteram parte dos auxílios anunciados anteriormente ao longo do mês.

Além disso, no início de agosto os aliados ocidentais de Zelenski saíram de uma conferência em Copenhague, na Dinamarca, com promessas de novos apoios no montante de mais € 1,5 bilhão (R$ 7,6 bi).

Mas os valores mais modestos dessas remessas, assim como a irregularidade nos seus envios, refletem a fadiga desses países com o conflito, a maior crise de segurança no continente desde a Segunda Guerra Mundial.

Recém-saídos de uma pandemia, eles enfrentam crises no preço de alimentos e de energia que tendem a só se agravar nos próximos meses, com a chegada do inverno no hemisfério Norte. Os efeitos da alta sobre a população levaram ao declínio de popularidade de diversos líderes do continente, em última instância corroendo suas bases e forçando-os a renunciar —foi o caso, entre outros, do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, um dos pontas de lança da união da Europa diante da Rússia no início da guerra.

Enquanto isso, o apelo midiático da figura de Zelenski se desgasta, substituído no noticiário por imagens da guerra brutal em que seu povo luta.

Se os europeus demonstram cansaço, os americanos parecem ainda apostar em uma potencial vitória de Zelenski. Segundo a base de dados de Kiel, Washington também não prometeu no mês passado novas doações ao país invadido. Mas em agosto, mês em que se comemora a independência da Ucrânia, foi anunciado o envio de outros US$ 3 bilhões (R$ 15,2 bi) em ajuda militar, oriundos do pacote bilionário de assistência aprovado pelo Congresso. Só em armamentos, os EUA já remeteram mais de US$ 10 bilhões (R$ 50,6 bi) a Kiev, o que equivale a três vezes o orçamento militar da Ucrânia.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/08/europa-vai-na-contramao-dos-estados-unidos-e-diminui-ajuda-a-ucrania.shtml

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