Os EUA anunciaram US$ 500 milhões (R$ 2,82 bilhões) em financiamento militar para impulsionar a segurança das Filipinas, além de dar continuidade ao pacto de compartilhamento de inteligência militar. O motivo é a preocupação com as ações agressivas da China na região.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, reuniram-se com o presidente Ferdinand Marcos Jr. para tratar do assunto. A aliança entre Manila e Washington existe há décadas, e vem sendo reforçada com o avanço das hostilidades entre as forças filipinas e chinesas.
Marcos elogiou as linhas de comunicação muito abertas entre Washington e Manila, acrescentando que o tratado de aliança dos dois países são continuamente examinados e reexaminados para que sejamos ágeis em termos de nossas respostas, como agora, em questões envolvendo o Mar do Sul da China e na região do Indo-Pacífico.
O presidente filipino ressaltou a necessidade da presença militar dos EUA para a estabilidade e a paz na Ásia.
“Nós dois, e muitos outros países da região, compartilhamos preocupações sobre algumas das ações que a República Popular da China tem tomado, que vem escalando no Mar do Sul da China, no Mar da China Oriental e em outros lugares, incluindo métodos coercitivos”, afirmou Blinken a jornalistas, ao lado de Austin e representantes do governo filipino.
Ele e Austin renovaram o aviso de que os EUA ajudariam a defender as Filipinas se as forças, navios e aeronaves filipinos fossem atacados no Pacífico, inclusive no Mar do Sul da China.
“Cada peso ou dólar gasto no fortalecimento das capacidades das Filipinas para se defender e impedir agressões ilegais será uma vantagem contra qualquer agente de ameaça, seja a China ou qualquer outro”, disse o secretário de Defesa das Filipinas, Gilberto Teodoro.
Tensão militar
A visita ocorreu uma semana depois que as Filipinas e a China chegaram a um acordo temporário para evitar confrontos em torno do Second Thomas Shoal, ocupado pelas Filipinas, como o violento embate entre suas forças em 17 de junho.
No sábado, 27, as forças filipinas levaram alimentos, suprimentos e um novo lote de pessoal da Marinha para o posto avançado territorial de Manila, mesmo sem registro de confrontos desde o ano passado.
Os EUA, juntamente com o Japão, Austrália, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Cingapura, receberam bem o acordo para diminuir as tensões, segundo relatou o secretário de Relações Exteriores das Filipinas, Enrique Manalo.
Entretanto, as Filipinas continuarão fortalecendo sua defesa territorial com a ajuda dos EUA e de outras potências militares amigas, e construirão novas alianças de segurança, afirmou o embaixador filipino nos EUA, José Manuel Romualdez.
“O reabastecimento e o rodízio sem conflito são puramente temporários. A República Popular da China não vai parar, e nós estamos determinados da mesma forma”, disse Romualdez à The Associated Press.
Valor podem dobrar
Os US$ 500 milhões em financiamento militar dos EUA incluem fundos para reforçar a capacidade da Marinha filipina. Cerca de US$ 125 milhões serão usados para construções e outras melhorias em partes das bases militares filipinas. Elas serão posteriormente ocupadas pelas forças norte-americanas nos termos do Acordo de Cooperação de Defesa Aprimorada de 2014, disse Romualdez.
Com forte apoio no Congresso, o financiamento militar dos EUA pode dobrar no próximo ano “dependendo de nossa capacidade de absorvê-lo”, disse Romualdez.
O Acordo de Segurança Geral de Informações Militares, como é denominado o trato para compartilhamento de inteligência militar, pode ser concluído ainda neste ano, segundo o secretário de Defesa dos EUA.
O acordo, semelhante aos que Washington firmou com outros países aliados, permite que os EUA forneçam inteligência de alto nível, armas mais sofisticadas, incluindo sistemas de mísseis, e acesso a sistemas de vigilância por satélite e drones para as Filipinas. O acordo prevê que essa inteligência e os detalhes sobre armas sofisticadas devem ser mantidos em sigilo para evitar vazamentos, segundo informações de duas autoridades filipinas à AP, que falaram sob condição de anonimato./AP